Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Húmus de angústia



Hoje
vou caminhar
adrede
campos fora
noite a dentro
atolar-me na lama dos caminhos

Vou esquecer que existo
votar-me ao abandono
diluir-me na Natureza
não responder a ninguém
fintar o sono
tratar as ideias com desdém

Vou deixar que a minha angústia
se misture com a água da chuva
em húmus de poesia
que as raízes das plantas a absorvam
e a convertam em seiva

Para desabrochar em flores de alegria
já na próxima Primavera
e florir em fruto lá mais para o Outono

Hoje
vou caminhar
adrede
campos fora
noite a dentro
até entrar em transe
e explodir em êxtase

quando o Sol raiar

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Despeço-me. Adeus!



Agora sou verdadeiro
sou o que pareço

Já não morro
já não vivo

Não choro
nem rio

Não gozo
não sofro

Já nada faço aqui

Já voo outros céus
em círculo
respiro outros ares
a arfar
navego à vela noutros mares
distante das tempestades

Já vivo o que nunca vivi
não sou mais “eu”
nem sofro o que sofri

Sou agora um todo
inteiro
a sonhar

De mim
sem demora
me despeço
e me apresto
para a mim
breve
voltar

Em cada instante parto
de mim me aparto
e regresso a mim


Despeço-me. Adeus. Até ao meu regresso.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sombras de luar




Por agora ainda a Lua se desvanece
em fumo
no céu azul
imaculado

Alva
circular
translúcida
aparentemente imóvel
sem nuvens que a posssam referenciar

Percebe-se melhor
o seu movimento
depois que as primeiras estrelas
surgem no céu

É preciso esperar
para ver

O luar recorta nas almas
imagens doces
amorosas
mas as suas sombras
são vãs
ilusórias


São as sombras da paixão

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Batendo com a cabeça no Infinito





Nestas noites amenas e serenas
em que o espírito se embriaga de espiritualidade
e a angústia se adoça
em doce soledade
fascina-me o Firmamento

Vejo-me reflectido no imenso espelho
cristalino
que me envolve
e me toma o pensamento

Expedito
voo por ele adentro

Até que bato com a cabeça no infinito
qual insecto vagabundo
que se projecta contra o vidro
em que se vê reflectido

Também eu me iludo
e julgo ser aquele
o meu mundo

Mas depressa me dou conta
de que não tenho pernas
nem braços
nem asas
nem motor espacial
capazes de lá me levar

E que apenas se voar
por mim adentro
poderei
um dia

lá chegar