Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Abro a janela da alma e ponho-me a gritar





Refugio-me da chuva
neste frio dia de Inverno
do mês derradeiro
do ano
de tão triste engano

Grossas gotas de angústia
e desânimo
batem forte na vidraça

Vejo o meu país
em torpor
varrido por ventos
uivantes
de dor
e desgraça

Percebo mil imagens e ruídos
apelos doridos
gemidos
choros de crianças
que não conseguem adormecer

E ouço o povo
que a si mesmo se diz:
Para que lutar?
Melhor será deixar acontecer

Já se perdem as derradeiras esperanças

Sinto frio dentro de mim
tenho medo
assusta-me o futuro

Interrogo-me 
ainda assim
angustiado
de nariz colado
ao vidro
calado

Mas a mais não me aventuro

Já ninguém escuta ninguém
todos temos tudo a perder
já nada a democracia ressalva

Que poderei eu fazer?

Irracional
abro a janela da alma e ponho-me a gritar
de rompante:
- «Aqui, em Portugal
ou nos salvamos todos
ou ninguém se salva!
Portugueses!
Avante!»

Alguém me há-de escutar!

Vale de Salgueiro, terça-feira, 13 de Janeiro de 2009
Henrique Pedro