Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

sábado, 4 de maio de 2013

À hora a que os ceifeiros dormiam a sesta





À hora a que os ceifeiros dormiam a sesta

 

Vou permanecer por aqui, por agora

postado neste meu calmo cais cósmico

natureza adoçada em ondas suaves de colinas

sobrevoadas por nuvens, no azul cerúleo

e por aves em revoada

que arrulham seus cantares de Primavera

desde o nascer ao sol-pôr, em divinas rotinas

de amor

 

Tudo observo e sorvo de alma calada

em espera paciente do dia em que irei renascer

 

Ainda não é a hora do crepúsculo

o sol mediurno ainda vai alto e queima

 

É a hora a que os ceifeiros dormiam a sesta

descansando da longa e penosa madrugada

 

Assim desejaria eu viver para sempre

fazendo do presente um eterno devir

malgrado os ventos desta angústia estranha

de um dia ter que partir

tenha eu, para tanto, coragem tamanha

 

Há já uma eternidade que espero

sem saber bem porque assim vivo

neste espaço-tempo feito de espuma

e de bruma

 

Mas esperarei mais outra eternidade

se necessário for

porque não duvido do Amor

acredito em Deus

e estou certo de ser eterno

 

E nunca digo adeus a ninguém

nem a coisa nenhuma

 

Vale de Salgueiro, 1 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

 

in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)