Algo me compele
Me puxa
e me empurra
Será Deus?
Será o amor?
Será a angústia?
De pés descalços
e com a enxada da Razão
na mão
esgaravato a pele
cavo-me por dentro
garanto o meu sustento
com o suor do corpo
e o sopro
Dos pulmões
Semeio poemas no vento
que não sei aonde irão poisar
se não morrerem sepultados
à partida
por mim rejeitados
O meu melhor húmus
está no coração
bem no âmago de mim
onde cultivo um jardim
de afectos perfumados