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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Porque cintilam as estrelas?



Porque cintilam as estrelas?

 

Quando a minha deslumbrada

lembrança de criança

se inicia…

 

Ainda a minha família ceava à luz da candeia

e tudo que nos alimentava

era meu pai que o colhia

 

Pão, vinho, mel, azeite e leite

tudo era dádiva de Deus

pelas mãos de meu pai

aceite

 

Também na penumbra mística da igreja lá da aldeia

uma lamparina ardia

quer de noite quer de dia

 

E seria essa luzinha bruxuleante

pequenina

a lançar a primeira grande interrogação

na minha rutilante

Razão

 

Porque ardia e tremeluzia ela

como se fosse uma estrela

à luz do dia?

 

Foi minha mãe que me explicou

e com tanto amor o fez

que ainda hoje aceito a explicação

certo de que assim é

com verdadeiro fervor

e acendrada chama de fé

 

Disse-me ela

numa encantada noite de Verão

estreitando-me contra o seu coração

que as luzinhas que brilham no céu são a luz de estrelas

que há muito tempo se apagaram

mas que só agora chega até nós

trazida pelo vento divino

 

Assim como um grande amor que se foi, mas continua a brilhar

noite e dia

sem nunca se apagar

 

Assim é esse o nosso destino!

 

 (Amor já eu sabia o que era porque muito a amava a ela)

 

Por isso também em minha casa luzia

noite e dia

com deleite

como na igreja da freguesia

uma lampadazinha de azeite

 

Por todos que amávamos

mortos ou vivos

porque acreditávamos que a luz do nosso amor

como a da lamparina

e a da estrela mais pequenina

continuaria a piscar Universo fora

mesmo depois de na Terra se apagar

 

E que será guiados por essa luz

que um dia nos voltaremos a encontrar

agora já sem que o nosso amor

jamais se possa apagar

 

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 3 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro

in Introdução à Eternidade 

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia) 

1.ª Edição, Outubro de 2013