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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pede-me que lhe escreva um poema de amor




Ela sabe bem que o poeta fantasia

ainda que sempre o faça por amor

e não para enganar ninguém

 

Embora só a si próprio se iluda

com o ilusório solilóquio

com que alivia

sua dor

 

Pede-me ainda assim que lhe escreva um poema cor-de-rosa

sem imaginar como me perturba

tal o dilema

em que me mete

 

Não porque me não dê sedutoras mesuras e motes

estrofes e rimas

tantos são os seus atributos

tão fortes os seus dotes

tão ousados os seus decotes

ou não fora ela toda feita de poesia

e de prosa

 

Vaidosa

pede-me ainda assim que lhe escreva um poema

cor-de-rosa

 

Um poema de amor que a faça sonhar

sem imaginar

como me compromete

 

Não!

Poemas de amor não tenho devolutos

 

Que se contente com este poema de verdade

que de amor não deixa de ser

embora de um género mais “soft”

a que se chama amizade!

 

Vale de Salgueiro, domingo, 8 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro