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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Peixe frito



Nem todo o peixe dá para fritar

O melhor
para mim
são “joaquinzinhos”
fritos na hora
e acompanhados de arroz de tomate
malandro
com um tinto carrascão
de remate

Também são bons de escabeche
de uma forma ou doutra
falam ao estomago
e também ao coração

Também nem todos os poemas servem para declamar
há até poemas que nem para escrever
dão

Como?
Mas que confusão
dirão os poetas que só conhecem a poesia lameche
e que apenas escrevem sonetos
epopeias
habituados à alta cozinha
sem outras panaceias
que os redima

Mas há!

Há poemas que não dão para escrever
ou declamar

Há poemas que só dão mesmo para ver
cheirar
e saborear
acompanhados de arroz de tomate


Com tinto carrascão de remate

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Esta saudade saudosa



Hoje
dei comigo a relembrar
pessoas que conheci
e não voltei a ver
locais por onde passei
ou fugazmente vivi
e aonde não tornei

Locais da selva onde acampei
campos de batalha onde combati
praias em que me banhei
templos em que orei
ilusões que sofri

Amores a que não fugi
outros tantos que evitei
para mais não sofrer

Sonho do passado
que teima em ser sonhado
por não querer morrer

Locais de magia
repositórios de História
almas a quem me irmanei
em campanha inglória

Pessoas e lugares de fantasia
aventuras cor de rosa
que não quero esquecer
que relembro com saudade
neste poema de amizade
a florir

É uma forma de amar e de sofrer
com poesia

Uma saudade saudosa

que teima em não partir

domingo, 19 de janeiro de 2014

Povoando ermos abandonados


Almas
em que nunca floriu uma flor
um sorriso sequer

Desertos despidos de vida
e de amor
onde ainda ninguém nasceu
e também ninguém morreu

Espaços gelados
mergulhados no silêncio
do nada
que só os poetas ouvem
e entendem

Locais onde não há guerra
nem paz
onde a própria Terra
jaz
temendo ser perpassada
por uma nova auto-estrada

Locais
em que a Natureza
ainda se faz ouvir com aspereza
desumanizada
por onde só o poeta caminha
e faz sentir
a sua tempestade interior
soltando ventos
poemas
afectos
saudades
angústias
dilemas
e dores

É nesses plainos ermados
desarmados
que procuro abrir caminho
a pé
a passo de criança

À procura de novos planos interiores
em que sejam perceptíveis
sinais de fé e de esperança

Hiperespaços de poesia
e de nostalgia
nos quais a soledade e a solidão
sejam sinais visíveis
de humanização

Povoo
com poemas

a minha solidão

domingo, 12 de janeiro de 2014

Porque escrevo tão belos poemas de amor?





Perguntam-me
porque escrevo eu tão belos poemas de amor

Respondo

Porque muito amo
sem que ande cegamente apaixonado

Porque nenhuma espúria paixão me perturba o coração
e me tolda a Razão

É o amor alargado
em que o meu espírito vive
alagado
que ilumina a inspiração

E confere aos meus versos
verdade
e musicalidade

Que só vê
quem como eu
ama


E lê