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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Apenas angústia e lágrimas para partilhar



Quando
e onde nasci
mum pequeno mundo rural
do Portugal
implantado na  Europa
por engano
ainda se bendizia a Deus
pelo pão de cada dia
se benziam as colheitas de cada ano
e se celebrava o seu sucesso com alegria

Porque se sabia quanto custava
andar um ano inteiro a mourejar
ao sol ardente
à chuva
ao frio
e à geada
para se conseguir o sustento
um naco de pão que fosse
arado, semeado, ceifado, malhado, moído, amassado, cozido
partido e repartido
com dor
amor
e suor
à força da enxada
e do timão

Mergulhou-se depois num mundo fácil
de frágil
e fugaz ilusão

Com demasiada gente que deveria chorar mas que cantava
e ria
por tanto ter que esbanjar
que adorava os falsos deuses que lhes punham a mesa farta
e do mundo da miséria os apartava
mas lhes encondia a verdade

Agora
são milhares os seres humanos que não têm que comer
nem deuses a quem agradecer
e que apenas têm lágrimas
para partilhar!

Mais a angústia de não saber que fazer

Agora
mais do que nunca

tem sentido a palavra solidariedade

5 comentários:

  1. Henrique,
    Obrigada, por através da poesia, tentares despertar as (in)consciências daqueles que se esquecem de agradecer a Deus a abundância e as muitas graças concedidas e não enxergarem com os olhos da alma as carências dos seus irmãos.
    Beijo da amiga
    Nanda

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  2. Quantas vezes me lembro da célebre frase "Quem tem um pedaço de terra, tem tudo". Perdeu-se o sentido da terra que nos alimenta, dos rios que nos fornecem a água tão preciosa para a vida e o que resta? Angústia e solidão por entre blocos de cimento armado entremeados de rios de betão que são infecundos, que engoliram e destruíram valores

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  3. Para muitos a vida é muito difícil e jamais deveria haver guerras entre seres humanos, é o maior desrespeito a vida, parabéns pelo belo poema...

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  4. Henrique!
    Parabéns pelo seu belo espaço cultural.
    Esse poema, tocou-me a alma, demonstrando a situação de Portugal hoje, que não é apenas ao seu Pais, mas o mundo todo sofre essa falta de sensibilidade e gestão dos ocupantes do Pode. O povo sofrido, suplica por melhorias e sua qualidade de vida..
    Triste realidade..
    Abraço de sua nova amiga
    Luiza

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  5. Adorei o seu poema, os valores são essenciais, o respeito e o uso da solidariedade são essenciais nos dias que decorrem. Abraço poético

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