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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Horizontes de afecto



São lhanos mas dilatados
Estes horizontes que me cercam

As asas do pardal, da pomba, da andorinha
E de tantas aves de arribação
Os vencem facilmente
Para me povoar a mente
Com revoadas de lembranças
E bicadas de saudade

São horizontes doces
Próximos
Feitos de suaves colinas
De crepúsculos e alvoradas
Abençoadas pela brisa primaveril
Apenas emergindo
A sul
Mesmo ali a dois passos
Quase ao alcance da mão
A montanha azul
Em que foi martirizado Leonardo
E onde a casta Comba
Sua irmã
Continua escondida nas fragas
Ainda marcadas
Segundo as vozes do povo
Pelas ferraduras dos cavalos alfarazes
Dos seus algozes árabes

Montanha que adoro
Como se fosse o meu Monte Sinai
E eu fora Moisés
E que tantas vezes trepo
E “destrepo”
Com a mente e com os pés

Na esperança de que também um dia
Uma sarça-ardente se incendeie
Dentro de mim

In Anamnesis-1.ª Edição: Janeiro de 2016


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