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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

UM LIVRO ABERTO NO DESERTO XIII - Uma mão cheia de areia e outra de deserto a desertar





Do chão
Apanho um punhado de areia
Para de mão erguida
A abrir de seguida
E deixar que as areias
Uma a uma
Retornem à duna

Assim me abstraio da minha ansiedade

Até que resta só
 O pó da saudade no ar
E dessa
Não me consigo libertar
                  Porque nenhum vento passa
Por perto
Que para longe a faça soprar

Do chão
Apanho outro punhado de areia
E lanço-a no ar
Do deserto
Onde se não divisa nenhum caminho

É por aí que segue o meu destino

À noite
Lanço outra mão cheia de areia
Ao vento
No espaço aberto do deserto
Para saber
De que lado está o vento
A soprar

Uma mão cheia de areia
Outra de deserto
A desertar

Vejo a Estrela do Norte no céu a fulgir
Ouço o Cosmos a tilintar
É minha amada que me está a sorrir
São horas de em amor 
Ao luar
Me banhar

Mais a norte
Ouve-se a morte a ribombar 

Daniel Monforte, Legião Estrangeira
(Algures no Deserto do Sahara)
  iv-viii-mmix



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