Há Domingos assim
sem nada que fazer
em que apenas vivemos
por viver
tão pouco pensamos
em morrer
São dias de manhãs
enubladas
de montanhas submersas
em que o Sol se passeia
pelos campos
só lá mais para a tarde
Dias em que cada um de
nós
tem um percurso próprio
dentro de si
e outros com os outros
e todos outros mais
pelo mundo fora
Dias em que caminho um
caminho privado
num mundo meu, privativo
onde vivo livre e cativo
Mundo em que tudo gira à
volta de mim
num vórtice interior
demolidor
aflitivo
que varre o próprio
Universo
do espaço-tempo
Quando assim é
deixo-me ficar quedo
parado
com cara de enterro
a pensar
e a esfregar o nariz
Sem me sentir triste
ou alegre
tão pouco angustiado
apenas cismado
devaneio
Como quando como hoje morre
alguém
que pouco ou nada me diz
mas que ainda assim
homenageio
A propósito:
- A que horas é o funeral?