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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UM LIVRO ABERTO NO DESERTO XVII – Doí-me a alma e o coração





Estou deserto de regressar
Mas não deserto

Desperto
Continuo a sonhar

De novo me ausento
Para o deserto profundo
O único lugar do mundo
Onde somente sopra
O vento

Aqui melhor eu sinto
O ciclone da saudade
Dentro de mim a uivar

É a voz de Huri
Que não cessa de me chamar

É forçoso partir
Ir
E tornar

Se tapo os ouvidos para não a ouvir a chamar
Abranda o uivo do vento
Mas o seu lamento 
Mais forte me rasga por dentro

Nada me tira daqui
Deste mar seco de soledade
Deserto de ansiedade
Dunas de solidão
Dói-me a alma e o coração

Será que só a morte
Me libertaria desta triste sorte?

Não!
Da vida a morte é termo
Não é critério

Só o amor e a fé em Deus
Transforma este inferno
Em refrigério


Daniel Monforte, Legião Estrangeira
Algures no Deserto do Sahara
 9 de Agosto de 1955