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sexta-feira, 1 de março de 2013

Porque renunciou, o Papa?!




Porque o Papa renunciou terá sentido recordar, aqui e agora, o poema “Que renuncie. O Papa!” que escrevi em 8 de Abril de 2010 e que se encontra no Youtub (http://www.youtube.com/watch?v=mBrGJxaYeGo) desde essa data, por amável deferência da poetisa Vóny Ferreira, que o declamou e de Pipinhaferreira que produziu e carregou o vídeo.
Nunca tive, nem tenho, a veleidade de que o Papa o tenha lido ou venha a lê-lo. Não obstante, enquanto crente criticista, aqui expresso a minha homenagem a Joseph Alois Ratzinger pelo seu gesto de renunciar, que à partida qualifico de luminoso e que o poderá levar aos altares; ou à mediocridade, se acaso a História vier a evidenciar causas mais sombrias. Desejo veemente, contudo, que o Papa Bento XVI, por este seu acto, venha a ser consagrado um moderno Santo Doutor da Igreja.


Que renuncie. O Papa!

O crime mais hediondo
A mais abjecta animalidade
A mais vil desumanidade
O vício mais repugnante
A pior pornografia
O pecado mais aberrante
A mais gravosa ofensa à Fé
Aí está:
A pedofilia!

E é facto de facto não localizado
Largamente generalizado
Até
No seio da própria Igreja!

Durante anos encoberto
Disfarçado
Tolerado
Mas que não mais se atura

E por mais isenta e imaculada que seja
A pessoa do Papa
Por mais sábia
E esclarecida a criatura
Deve auto-imolar-se
Sacrificar-se

Para que a Igreja
A si mesma se purifique
Que o Papa a si próprio se crucifique!

Para que a Humanidade se redima
Sem que Jesus Cristo de novo
Seja imolado
Crucificado

Para que o povo
De Deus
Que O ama e estima
Nestes tempos dementes
De choro e ranger de dentes
Na Igreja se reveja

Que renuncie. O Papa!


Vale de Salgueiro, quinta-feira, 8 de Abril de 2010
Henrique Pedro

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um pingo de água




A torneira do bidé
da casa de banho anexa
ao meu quarto de dormir
pinga
pinga
pinga
pé ante pé
como se fora autentica tortura chinesa

Pinga angústia
está alagar-me de ansiedade
e a abalar os sólidos alicerces da minha fé
indefesa

Já a observei de todos os ângulos
e perspectivas
tentando descobrir um parafuso por onde lhe pegar
para a desmachar
e reparar a avaria
mas sem sucesso

Já contactei vários picheleiros
mas ainda nenhum apareceu
nem ninguém que melhor que eu
ajuíze

Temo agora que o pingo vá aumentar
de intensidade
ganhar caudal capaz inundar toda a casa
e aumentar a factura da água para valores incomportáveis
neste tempo de crise

A torneira do bidé
da casa de banho anexa
ao meu quarto de dormir
pinga
noite e dia
não me deixa dormir
e quem não dorme
também não será capaz de sonhar

Será possível que alguém
olhe para isto com poesia?

Safa!
Ainda bem que acabo de acordar!

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tic-tac-tic-tac




Há luz difusa
e silêncio surdo
à minha volta
em dia enublado

Um ruído de fundo nos ouvidos
que diria
me chega do Cosmos inteiro

Vejo imagens exteriores
esborratadas no nevoeiro
e é frio o aroma das flores no canteiro

Sobressai o tic-tac
pendular

A horas certas o cuco desperta
e da janela aberta
faz cu-cu…cu-cu…cu-cu…

As notícias chegam velozes pela internet
no meu coração instala-se uma angústia larvar

Tic-tac… tic-tac… tic-tac…

Estouram centrais nucleares
e bombas atómicas

Tic-tac… tic-tac… tic-tac…

A Humanidade suicida-se
com um saco de plástico
enfiado na cabeça

Sinto-me só
na Terra deserta

Se o cuco fosse gente
faltaria uma mulher
ainda assim
para sermos uma tripeça

Tic-tac… tic-tac… tic-tac…

A minha cabeça quase estoura
dou em maluco
cu-cu…cu-cu…cu-cu…
também

Oh, gente!
Grito
não haverá ninguém que o impeça?!
alguém capaz de partir o bico
a esse cuco maldito?!

Tic-tac… tic-tac… tic-tac…

Apenas já só o cuco
em alvoroço
me responde
mas rápido se esconde
com medo de que alguém
o vá esganar

Tic-tac… tic-tac… tic-tac…

Já não há ninguém
eu próprio lhe torço o pescoço

Tic…tic…tic…tic…

Apenas falta uma mulher
por fim
para formarmos
um par

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Ora aqui, ora além, a orar




Por veredas e caminhos rurais
pedregosos
que ora sobem
ora descem
sinuosos
exercito músculos
tendões
e articulações

Caminho
com o cérebro a comandar
e lembranças da infância
em surdina
a chamar

Com o espírito ora aqui
ora ali
ora além
a orar
saudade

Por sítios do passado
a que voltarei
sempre
nunca
nem sei
jamais

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Introdução à Eternidade




Com a Razão
pensamos as ideias
a meias
com as imagens
que nos vivem no coração
mensagens
ou não
de ilusão

O Infinito
é um lugar tão distante
que demoramos uma Eternidade
a lá chegar

E é lá
por certo
que mora a Felicidade

É uma infinitude de futuros
de uma só virtude
a Verdade

Um passado
eternamente
recordado

São milhares de aléns
com um único fim:
a sorte
da morte
ainda assim

O infinito é eterno
o eterno é infinito
verso e reverso
do Absoluto
em que se anula o universo

Diminuto seria o Absoluto
que esmaga a Razão
sem a dor
o amor
a ilusão
que dimanam do coração

O Infinito
é um lugar tão distante
que demoramos uma Eternidade
a lá chegar


Eu moro perto
porém
bem pertinho
até

Num lugar pequenino
infinito de eterno amor
e sem fim
aberto dentro de mim
pela fé
e pela dor

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