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sábado, 13 de julho de 2013

Palavra de poesia



A ideia
é a semente
que o Espírito semeia
na Mente

E que o homem cultiva e lavra
para produzir a Palavra
a forma mais explícita
de comunicar
seja dita
ou escrita

Com a Palavra
acendemos a luz da Comunicação
pura
estendemos a mão
ao nosso irmão
e assim se induz a Cultura

E se a Palavra é dita
ou escrita
com ternura e Alegria
e lhe juntamos um pouco de Fantasia
então

acontece  Poesia

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Acabaram-se as metáforas



Os pensadores modernos ainda acreditaram
durante algum tempo
que a globalização seria uma gigantesca metáfora de esperança
geradora de mais e mais metáforas de felicidade

Sabe-se agora que tudo não passava de uma monumental obscenidade
que se pulverizou em versos malditos
nas lavras de palavras obscenas
de poetas proscritos

Acabaram-se as metáforas!

A indústria nacional do sector faliu
e nenhum outro país de língua supostamente portuguesa
está capaz de as produzir

O problema parece ser ainda mais grave
porquanto em nenhuma parte do mundo há metáforas disponíveis


A Humanidade parece assim condenada a deixar de sonhar
a comer pedras e a beber mijo

No ar só já voam os aviões particulares dos machuchos árabes
e angolanos
e no mar só já navegam os iates dos barões da droga e dos traficantes de armas

Nas escolas apenas se recitam poemas marciais de Kim Jong-un
e se estudam discursos de Fidel Casto

Extremistas muçulmanos passeiam-se livremente
no Quartier Latin
com diademas de explosivos
Mahmoud Ahmadinejad serviu caldeirada de bombas atómicas na festa do seu aniversário
e a China continua a invadir a Europa com sucessivos tsunamis de lixo

O Departamento de Defesa americano projecta colocar um chip
no cérebro de todo o ser vivente
e o Pentágono planeia atacar a Suíça

Na Europa só já há olhos para o “pas des deux” da senhora Merkel
e do seu ministro Wolfgang Schäuble
e em Portugal os partidos políticos ganharam, por fim
o estatuto de nobres associações de mal feitores

O triunfo do niilismo mais radical é inevitável
o fim da Civilização aproxima-se

E depois?
Teremos que começar tudo de novo
Reconstruir um novo Mundo
Restaurar a Humanidade
Reinventar a democracia
Reescrever uma nova poesia
Tomar a sério o Papa Francisco

Sem metáforas
tropos
trapos
metonímias

e outras pantominas

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Esta forma de dor vale a pena sofrer




Passa leve
graciosa
envolta em sedução
perfumando o ar
e inundando o mundo de alegria
com a luz do seu olhar

Só a mim não me dá atenção
por teimosia

Tão pouco me sorri
maldosa
que nem uma rosa
que teima em tudo deitar
a perder

Todo o amor
que nela projecto
se reflecte em dor
no meu coração
inquieto

Não a tive e já a perdi
porque tê-la não consigo

Será que me ama
sabendo-me infeliz
e mais me faz sofrer
só porque nada me diz?

Se assim é, então lhe digo
com simpatia
neste poema breve e leve:
«Esta forma de dor
«vale a pena sofrer
«só para te poder amar
«e continuar
«a escrever

 «poesia!»

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A poesia só tem sentido porque a vida o não tem



A poesia só terá sentido
se o poeta ousar procurar
a razão de ser
e de sofrer
a melhor forma de bem-fazer
e de mais amar

A poesia só terá sentido
se o poeta jamais se der por vencido
se com seus versos a si se libertar
e a mais alguém
der liberdade
também

A poesia só tem sentido
porque a vida o não tem

A poesia perde a razão
se ousar esquecer

o coração

terça-feira, 9 de julho de 2013

A última noite que dormi com ela



Agora sim
sei

Na última noite que dormi ela
ela já não estava mais
ali

Embora tudo tenha feito
para que eu não a pudesse esquecer
jamais

E passasse o resto da vida a sofrer
por ela
rasgando-me esta chaga no peito
que continua por sarar
e a doer
demais

O anjo adorável
que havia sido
até então
meiga
amável
e verdadeira
naquela noite derradeira
transfigurou-se em Medusa
numa permanente companhia intrusa
que me persegue para toda a parte

Numa mulher ultriz
dona de toda a arte
numa matrona
meretriz

Os beijos e abraços
a inebriante sofreguidão
os gritos de prazer
que coroaram o seu último orgasmo
foram só afinal
o estertor do amor
espasmo da paixão
alvor da vingança

Acto sexual que para meu mal
ainda hoje sinto
e oiço
em surdina
me baila na retina
e sempre se insinua nos meus desejos
como brasa acesa na lembrança
tição incandescente
cujas cinzas escaldantes
continuam a escaldar-me

o coração

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Amantes de cristal



Só sabiam amar-se, assim
envoltos em véu
de fantasia

Com as estrelas a cintilar
no céu
pairavam em silêncio
no Firmamento
de mãos dadas
e de rostos irisados
de prateada alegria

Ou vogavam como cisnes
ao sabor do vento
no lago da poesia
num sonho de fadas
em noite irreal

Eram sombras de luar
amantes de cristal

Até que um dia
a paixão do Sol
pecado alado
os abraçou
envolvendo-os no lençol do desejo
logo ao primeiro beijo

E não tardou
que o sonho de amor
se quebrou
num golpe inesperado
tilintando de dor

Eram amantes sem mal


De cristal