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terça-feira, 8 de abril de 2014

Porque se convertem em versos certas palavras?





Poderiam ser só gritos apenas
grunhidos
sussurros
arrulhos
insultos
lamentos
chamamentos

Expressões de cor
de dor
e de dó
de medo
maldade
fome
desejo
tão só

Porque se convertem em versos
então
certas palavras
e outras não
e as não leva o vento
como às demais?

Porque consubstanciam ideia
e ideal
fantasia e melodia
são poesia
intemporal
e trazem apelos de amor
na raiz
e mesmo se falam de sofrimento

sempre fazem alguém feliz

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Um lapso de luz



Espraio o espírito por toda a dimensão do Cosmos
de corpo confinado
á Terra

Cabeça
tronco
membros
olhos
ouvidos
e demais sentidos
entrego-os à Natureza

Deixo que percorram os caminhos que lhes aprouverem
sintonizados com a energia telúrica que os anima
faça sol
chuva
ou neve

Relapso
voo no vento

Por instantes
sou eu

Num lapso de luz
ausente

do espaço-tempo

domingo, 6 de abril de 2014

Que outro atributo poderá ter, o Além?



Recosto-me no tronco de uma tília florida
que a aragem do fim da tarde abana
e me embala

Adormeço
e sonho
como se acordado

Enlevado em bátegas de amor
como se o meu berço fora um barco
uma pluma
uma flor
que as ondas do cosmos fazem vogar
livremente
em liberdade
perdido
na bruma
do destino

Como se eu fora um pétala perfumada
que se desprendeu da árvore mãe
e demorará um eternidade
oscilando no ar
até pousar
no absoluto

Que outro atributo
poderá ter

o Além?

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Entre a minha aldeia e o Rio de Janeiro



Tenho vindo a procurar
na poesia dos poetas cariocas
para eventuais trocas
de ar e de lugar
parecenças e diferenças
entre a minha aldeia
e a cidade do Rio
e sorrio
porque
na minha ideia
só encontro semelhanças

Embora nos céus do Rio haja arranha-céus
mais altos que as estrelas
enquanto no céu da minha aldeia há estrelas tão baixinhas
que lhe podemos chegar com a mão

Embora o Rio seja banhado por um mar
de insanidade
por um certo ar
malsão
enquanto na minha santa terrinha
corre um riozinho de espiritualidade

Embora o Cristo Redentor
seja maior e mais vistoso
que o amoroso Senhor dos Aflitos
venerado no alto da Serrinha
pelos corações mais contritos

Embora lá no Rio
as mulheres se dispam ao Sol
e na minha aldeia só se dispam à Lua
ainda que nem outras nem umas
nos mostrem as almas nuas

É por isso que sou de ideia
que devemos amar as mulheres
em primeiro que tudo
no Rio
ou na minha aldeia

Embora nunca devamos adorar nada
nem ninguém
muito menos mitos

e políticos
que são falsos
e fugazes


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Um beijo onomatopaico



Gostava de ser capaz de escrever
um poema sobre o beijo
apenas som

No rosto que fosse
já que o beijo no coração
é dado noutro diapasão
e tem outro tom

Conheço bem o olhar do desejo
o sorriso do amor
o gesto do abraço
o espaço do prazer
o som do beijo
quando o beijo tem som
e se não fica pelo sabor

Mas não sei como os escrever
apenas os sei descrever

Por isso gostava
de em escrita onomatopaica
os escrever, descrever e reescrever
sem sintaxes nem ilusões
para assim evitar
as inevitáveis distorções

Porque a melhor poesia é a vivida
e depois é a poesia dos sons

Dos sons do coração
das imagens
dos gestos
dos sabores

A poesia escrita é já
uma mistificação

Como se escreve então
amor
em escrita onomatopaica?

Um beijo

Pshuuuu…!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Projecto-me no Espaço, precipito-me no Infinito



Tão confinante é o espaço
em que me é dado viver

Tão angustiante a dúvida que me aflige
que nem capaz sou de a exprimir

Tão atroz a dor que sou forçado a sofrer
sem o consentir

Tão doce e fugaz o sabor
do amor
que me é dado degustar

Tão luminosa a réstia de luz
que me é dado vislumbrar

Que me projecto
no Espaço
para lá dos limites do planeta
e das estrelas do céu

Para lá das glórias da Terra
da ilusão dos dias
das fantasias do coração

E me precipito
no Infinito
no Absoluto

na Eternidade