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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Amor e ubiquidade







Diz-me
para me consolar
e iludir a minha saudade
que embora ausente
no seu coração estou sempre presente

Que sou omnipresente
vá para onde ela for
esteja eu onde estiver

Mas eu
dela distante
ando inclinado
oblíquo
sem a poder esquecer

Sou um viandante
sempre ausente

um desertor
“omniausente”
livre mas enjaulado

Gostaria antes de ser ubíquo
de poder estar lá
e aqui
ao mesmo tempo
em todo o lado

Vê-la
e tê-la
a ela
sempre abraçado

Amor
na verdade
é ubiquidade


terça-feira, 19 de julho de 2016

Ouvindo o silêncio em solidão



Dá-me prazer ouvir
o silêncio
em solidão

Prazer que advém da alegria interior
de procurar companhia
mais além
fora do mundo
e do tempo

De ouvir em meus ouvidos
o ruído que traz o vento
do cosmos profundo

De o sentir em todos os sentidos
e de o calar
bem fundo
dentro de mim
para aí o interpretar

Fora da razão
ainda assim

terça-feira, 5 de julho de 2016

O beijo de uma flor



É uma glória pequenina

maior que a minha vaidade

ainda assim

uma infinita felicidade

o ser beijado por uma flor

 

De ser aspergido com seu pó de pólen

perfumado do seu odor

ficar para sempre enamorado

e ligado

a esta alegre

embora breve

glória

 

História ínfima

efémera

ébria de candura

instante eterno

que não perdura

 

Momento superno

de desejo

e de amor

é o beijo terno

de uma flor


Vale de Salgueiro, sábado, 24 de Novembro de 2012

Henrique Pedro


quinta-feira, 16 de junho de 2016

E se Deus não existir?!




E se Deus não existir?!

E se o Cosmos que gerou o homem
estiver em processo de gestação de deus?

E se esse deus sair da Humanidade?

E se tal deus for assim…
um jogador de futebol
ou um nababo do petróleo?

Talvez…
um guru das finanças
um comediante
um político
um ilusionista?

E porque não uma deusa
uma cantora pop
uma estrela de cinema das revistas cor-de-rosa
retocada pela magia do Photoshop
loira
glamorosa…?

Em tudo isso terei relutância em acreditar
por mais cidadania que a Democracia proclame
por mais benefícios fiscais que me prometam
por mais partículas que a Física descubra
por mais genomas que a Biologia desvende
por mais loucuras que me acometam
por mais curas que Psiquiatria garanta
por mais luz que a Física Quântica induza
por mais…
que a minha mente reluza

Porque um deus assim não viria no princípio
mas no fim
não seria um deus criador
mas um deus destruidor

Quando muito
darei o benefício da dúvida
a um deus poeta

Pelo menos
poderei acalentar a esperança
de que o Universo tenha sido criado por mim
inadvertidamente
ao correr da pena
sem o saber

E sempre poderei corrigir o mundo
e a Humanidade
já no próximo poema

Oh! Não! Poeta sim. Apóstata não!


terça-feira, 14 de junho de 2016

O lugar de Deus está vago e a concurso




Quem não sentiu já
um vácuo na alma
um vazio no coração?

Porque perdeu um ente querido

chegou ao fim uma paixão
caiu no olvido
de alguém

porque não se encontra
ou sofreu uma grande desilusão

Ou por mera angústia constitucional

E quantos não ocuparam esse espaço vazio
com sarcasmo
riso idiota
obscenidade
álcool
droga
raiva
revolta
ódio
agressividade?

Pois é…

mas o vazio continua lá
em aberto

a doer e a causar dor
sendo certo que só o amor
de verdade

o poderá preencher
porque esse é o lugar de Deus

Lugar que está vago

e a concurso

e a ele concorrem

todas a forças do mal

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Deu-me a provar o seu corpo




Trazia fogo no ventre
os seus seios ardiam
e os seus lábios queimavam
ainda mais que os meus

Envolveu-nos o vento da paixão
que nos obscureceu a Razão

Deu-me a provar o seu corpo
para sentir o sabor do meu

Sem saber bem o que fazia
já que nem o seu
nem o meu coração
reconhecia
nem eu sabia nada de mim

Acabámos por saborear
na verdade
o que apenas era suposto provar

Tanto assim que acordámos aprovar
e apalavrar
a palavra amor
para uma próxima oportunidade