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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Abra este presente





Ontem fiz anos!

E também fiz anos de facto
no ano transacto
e nos precedentes

Dia de anos é uma festa frequente
um dia de alegria
sem mácula de nostalgia
mais votada a viver que a morrer
a fazer anos que anos desfazer

Vivemos do encanto de quem amamos
por isso eu não os conto
nem desconto

Direi
portanto
que já nem sei há quanto
nem quantos conto ou desconto
quantos faço ou desfaço

Embora já tenha muito que contar
e continue a reclamar o quanto ainda não amei
o muito que ainda tenho para amar

Uma festa de anos é sempre um clamor de amor
que mede a idade da amizade
a força da alegria
a poesia da felicidade



Aqui deixo e não desleixo
o meu conselho
a quem for mais novo
ou da mesma idade
mais velho por feliz sortilégio

Não seja demente
faça anos sempre em festa
não conte os que lhe resta
nem ao passado remonte
que estar vivo é privilégio
e fazer anos um presente



sábado, 3 de dezembro de 2016

Deus?! Deus é assim como Deus é.


 

Deus é como Deus é

é assim como o Amor é

Só o vê e sente o Amor

ou no Amor crê

quem vive apaixonado

 

Deus é como Deus é

é assim como o Saber é

Só sabe quem procura saber

enamorado

 

Deus é como Deus é

é assim como a Verdade é

Só a conhece quem a pratica

desapaixonado

 

Deus é como Deus é

é assim como a Felicidade é

 

Só a tem

quem com esperança

a espera

Deus é assim como Deus é

 

Nós apenas apenas desconfiamos

mesmo se acreditamos

como Deus é

 

Deus é como Deus é

Só Ele sabe como Ele é

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Outubro de 2010

Henrique A. Pedro

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Quem é quem amo?


Quem é quem amo?

Muitas vezes me quedo parado
a olhar
com os olhos do rosto
e da alma
a quem amo de verdade

Depois dou por mim deslumbrado
sem que saiba porquê

Assim como
quando
fascinado
me deixo ficar extasiado
pelo nascer do sol
ou pelo sol-posto

Quem sou eu?

Donde venho?

E quem é quem amo?

Este deslumbre de amor
não é racional

É um portal
da eternidade

É um divino fascínio
que me faz acreditar
e a mais
e mais
Amar

Henrique António Pedro

in Anamnesis (Ed. Autor- Jan 2016)















quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Penso que penso só por pensar




Por vezes fico parado
a pensar

A pensar que penso
só por pensar

Alheado
por fora
sem graça
fascinado por dentro

Sem me aperceber
sequer
do vento
que por dentro
me perpassa
vazio de sentimento
nem quente
nem frio

A olhar o vazio
sem me deixar
adormecer
a pensar que penso
só porque penso

Fora de mim nada me diz
dentro de mim nada me digo
o coração nada sente
não há fantasias
nem dilemas na minha mente

Apenas rumino poesias
apenas regurgito poemas

Simplesmente
a pensar que penso
só por pensar




terça-feira, 29 de novembro de 2016

E o meu espírito assim se redime





Sem querer
por vezes me desalento
desanimo
me esvazio de mim
me oco por dentro
caio em crise de fé
e mal me tenho de pé

(E quem
se não eu
se poderá esvaziar de mim?)

Momentos em que a angústia
me assalta a Razão
a ansiedade me toma o coração
e o meu espírito nele próprio se comprime

Já não é dor exterior
que sinto
é sim um sofrimento atroz
interior

Então o maior grito de fé
grito-o em silêncio
porque a maior dor
a sinto por dentro

E o meu espírito assim se redime




segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Não guarde para si a última bala



Não guarde para si
a última bala

A sua derradeira dor
fala
sorriso
beijo
abraço
o último bater do coração

Guarde apenas para si
o seu último poema
a poesia da vida inteira
para declamar perante o Criador

Para que seja Ele a decidir
se é
ou não
merecedor
de continuar a amar
a ler
e a escrever poesia

A dar
e a receber
amor
e a sentir alegria
mesmo depois de morrer