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domingo, 8 de janeiro de 2017

Ofereço poesia. Aceite!




Arranco raízes da alma que embalo em versos
orvalho-as com o sangue fervente do coração
e lanço-os ao vento pensando nalguém
que as poderá apanhar
e sentir
que é toda gente

Outra coisa não tenho para dar a quem me pedir
apenas ideias e afectos
para oferecer
glórias ilusórias
nada que se possa comprar ou vender

Ofereço poesia ainda assim
dou tudo de mim
que é tudo quanto tenho




quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Sons surdos de saudade





Silêncios dilacerantes
rasgam-me o peito
e trazem-me desfeito
com o sentimento
de que a perdi

Ruídos que me roem por dentro
sons surdos de saudade
ecos de ansiedade
ondas de impaciência
geradas pela sua ausência

Abro os braços ao ar
na esperança que o vento
para ela me leve
a voar
ou assim a traga de novo
leve e livre
para mim

O vento do destino, porém
com desdém
só me deixa mais só
bobo
e sem tino



(*) Do meu baú de recordações
  
Cascais, 16 de Setembro de 1970

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Amar sem sentir o coração bater



A minha fé não vai além da minha angústia

Sinto que ainda não é
sequer
a minha crença
nem o meu querer

A minha fé
não passa de uma graça da desgraça

Ainda não é a luz do amor interior

Mas eu tenho a esperança
de um dia
poder
ver
sem precisar de olhos
para enxergar

Nem de ouvidos para ouvir
ou do cérebro para pensar

Sequer de sentir o coração bater
para a amar



domingo, 1 de janeiro de 2017

Quando a alma nos dói



O corpo
quando nos dói
dói-nos por partes
nunca nos dói todo
inteiro
apenas em parte
nos dói

Dói-nos um pé
uma mão
o peito
o coração
cada um com sua dor

E quando sentimos prazer
também sentimos por partes
distintas formas de gozar
cada uma com suas artes

Sentimos o tacto
o sexo
o sabor
o olfacto
o ouvido
o olhar

Mas a nossa alma
quando ama
ou sente dó
sofre e ama inteira
toda
verdadeira

Porque a alma é una
uma só



sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Amanhã a Humanidade faz anos






Amanhã
a Humanidade faz anos

Ou será que será só depois de amanhã
num futuro longínquo que jamais chegará?!

Amanhã
a Humanidade faz anos

Ou será que faz anos a Desumanidade
já que há tantos infelizes a sofrer
a penar
a morrer?

Amanhã
a Humanidade faz anos

2016 a somar
a muitos mais sem conta
que é bom
nem lembrar

2016  a sair
2017 a entrar
gente tonta a gritar e a bailar
garrafas de espumante a estourar
bombas a explodir
vícios e fomes a eclodir
guerra por toda Terra
o planeta a definhar

Amanhã
a Humanidade faz anos

Ou será que é a Desumanidade?



Vale de Salgueiro, 29 de Dezembro de 2016