Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Há sempre uma mulher que me inspira



Há sempre uma mulher que me inspira

Sempre que o meu espírito se diverte

sem que nada diga

à Razão

 

E procura na poesia

a luz

o sorriso da alegria

o sentido da vida

um lampejo de paixão

 

Há sempre uma mulher que me inspira

que me conduz

me excita o coração

 

Uma mãe

uma amiga

uma amante

vivendo perto

longe

distante

no além

 

O seu olhar

o seu falar

o seu amor

a sua dor

a sua recordação

semeiam na minha mente

a semente do dilema

que se acende

e arde em poema

 

Pensamento pensado com emoção

qual laivo de vento

que é tormento

agora

mais tarde

agora já não

 

Henrique António Pedro

in Mulheres de Amor Inventadas 

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia) 

1.ª Edição, Outubro de 2013 

Depósito legal n.º 364778/13 

ISBN: 978-989-97577-2-1


sexta-feira, 3 de março de 2017

Um poema poderá ser uma ave solitária




Um poema poderá ser uma ave solitária
ornada de penas

Que pousa
nas antenas dos telhados
ao lusco-fusco do fim do dia

E o seu canto o ciciar dos namorados
ao amanhecer
ou o simples roçagar de asas
do coração

Poderá ser uma ave solitária pensando na vida
a olhar  o mundo de cima
recortada no luar
à procura de que rumo tomar

Uma ave que solta um pio
levanta voo
e se perde no fumo
da imaginação

Um corvo sem alegria
da Lua enamorado
negro como a noite
à procura de um sol que o acoite

Um poema
bem poderá ser o que bem se quiser

Um pássaro
o Sol
a Lua
uma mulher nua poisada na rua
a poesia da criança a aprender a andar
para alegria dos pais

Um poema poderá ser tudo
aquilo que ao poeta aprouver
e ainda muito mais




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Sempre me dizia que partia mas ficou




Mil vezes ela me dizia
que partia
amuada
mas sempre ficou
ainda mais apaixonada

A toda a hora me dizia
que se ia
embora
e voltou

Eu sabia que sempre que ela partia
não tardava
que curta seria
a demora

Mil vezes o meu coração se partia
mas me dizia
que ela apenas pretendia
que eu lhe desse mais atenção
mais ainda da que lhe dou
agora

Vou continuar a deixá-la dizer
que vai
e não vai
a ir e a vir
a partir e a ficar
a fazer o que quiser

Mais atenção ainda assim
ela a mim
me vai dar

E só não lhe digo que eu
também me vou
com o receio
que de permeio
ela se vá
e vá demorar



domingo, 19 de fevereiro de 2017

À paixão trá-la o desejo e leva-a o vento




Para a paixão se formar
e nos prender
nas pernas da centopeia
nos queimar no lume
do ciúme
e fazer sofrer
basta um ar
ameno

Basta uma brisa
um aceno
uma doce melopeia
um toque de realejo

Um olhar expressivo
sem motivo
um gesto impensado
um sorriso calado

Um prazer a menos
e um desejo a mais

 A picada dum percevejo
um beijo 
uma inesperada emoção

E o adejar duma mosca
uma palavra tosca
um vento a destempo
para a transmutar 
em tormento
num vendaval de desilusão

À paixão
trá-la o desejo
e leva-a o vento

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 6 de Abril de 2011
Henrique Pedro


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Tristeza deliquescente




Esta melencolia que me assola
em dias de chuva aborridos
ou quando o sol poente
me deixa lânguido da saudade
de quem anda ausente
estando embora presente
é uma tristeza deliquescente
mais própria dos vencidos

Abandono-me à nostalgia emergente
e paro de me angustiar
viro as costas às perguntas do costume
que sei
de antemão
não terem respostas

É quando uma morrinha miudinha
me toma os sentidos
a ponto de não me sentir nada
nem ninguém
magma
ou matéria
nem em nada materializado
em nenhum estado de espírito realizado

Fico sem saber se ainda estou aqui
ou se já vou além
se a poesia é coisa séria
ou não passa de uma pilhéria

Até que o ensejo de um bocejo
me faz despertar dessa sonolência demente
e retomar a vida corrente