segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Melhor é amar sem dar pelo tempo passar
domingo, 30 de dezembro de 2012
A minha ambição maior
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Quando a Língua floresce em palavras
Quando a Língua floresce em palavras
dá frutos que são poemas
Muitas vezes envoltos em mil dilemas
em desejos que assomam à flor da pele
em suores frios de angústias e medos
que enquistam em penedos
obscenos
na Razão
e se transformam em instrumentos
de opressão
Mas eu quero que a minha poesia
seja libertária
de libertação
Que seja poesia de amor e de alegria
que floresça na serra como a urze
Que enfeite os campos como a candelária
e rasgue com luz
a escuridão
domingo, 23 de dezembro de 2012
A vida é o que é
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
A minha proposta de Amor é amar
domingo, 16 de dezembro de 2012
Instantes que se distendem em Eternidade
Surge leve
graciosa
como uma rosa
que breve acaba de despertar
Traz os pulmões perfumados
da doce fragrância da tília
agora florida em flor doirada
e o hálito fresco
mentolado de madrugada
Sorri-me
alegre e sensual como a romã
que ao sol se abre pela manhã
Não resisto à tentação de a beijar
mesmo à frente de toda a gente
Envolve-nos o etéreo halo do amor
é o seu perfume que inalo
como se fora uma flor de verdade
O meu cérebro reage
ao teu encanto corporal
e a alma não fica indiferente
a tanta beleza e suavidade
Logo ao primeiro beijo
ao terno abraço do desejo
alcançamos a espiritualidade
O equilíbrio natural
em que os corpos se prologam pelo espírito
e os instantes se distendem
em Eternidade
^^
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Ouço as suas mãos a bater no teclado
Se forçoso continua a ser
a vida nos separar
suposto seria não sofrer
e nem sentir saudade
tantos são os meios de comunicar
de distrair
quiçá
olvidar
Ouço suas mãos a bater no teclado
apressadas
do outro lado do mar
e fico quedo
calado
com as minhas paralisadas
por não as poder a delas acariciar
Ouço a sua voz com efeito estereofónico
e fico afónico
de saudade
Vejo a sua imagem
com resolução ímpar
e agrava-se a saudade
por não a poder tocar
Respiro fundo
não sinto o seu perfume
arde em mim o lume
da saudade
Desejo o seu abraço
noto que o espaço da separação
continua a ter a mesma dimensão
^^
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
O sentido maior da vida é a alegria
Sinto que toda a dor me é exterior
e que a alegria me é interior
Por isso procuro uma alegria maior
que todas as pequenas alegrias
do dia-a-dia
Uma alegria sem igual
a alegria espiritual
Que definitivamente me ilumine a mente
me alegre o coração
e me anime o corpo
Uma alegria que sopre um sopro de felicidade
um vento forte de verdade
sobre o mundo em redor
Sinto que o sentido maior da vida
é a alegria
Não o prazer
o sofrer
a sorte
a morte
ou a louca idolatria
^^
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Mataram o Marão
A bem da Nação
mataram o Marão
Já lhe haviam retalhado a pele
furam-lhe agora o coração
Oh que futuro cruel!
Para lá do Marão
já demandam os que lá estão
Trás-os-Montes já não é o que era
uma nova era se espera
Melhor será?
Quiçá?
A bem da Nação
mataram o Marão
sem compaixão
morte que o progresso outorga
Teme e treme a Natureza
o Reino Maravilhoso de Torga
em seu esplendor e beleza
freme a pátria de Pascoais
o Douro de Garret e Junqueiro
acama
Enublam-se os luares de Janeiro
os amores de Trindade
entristecem
as almas esmorecem
o culto da verdade
perde a chama
Fenecem Terra Quente e Montanha
oh que saudade
que revolta tamanha!
A bem da Nação
mataram o Marão
A sua lenda não matarão
não!
Jamais!
^^
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Refugio-me no infinito
Levantavam-se brisas
mansinhas
de enamoramento
quando o sol se punha no horizonte
bem defronte do nosso olhar
Sopros de pensamento
que despetalavam as flores
e tudo perfumavam
em redor
Sopros de amor
ao sol por
que nos desnudavam as almas
e acalentavam calmas paixões
em nossos corações
Sopros de desejos
contidos
irradiados dos olhos
exsudados das mãos
dadas
e dos lábios floridos
em beijos
Hoje
só vejo fragas, giestas, abrolhos
seja a que hora for
Só
e sem ti
no mesmo sítio
desde o nascer ao sol por
refugio-me no infinito
^^
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Silêncio de amoroso comprometimento
Dava para ouvir o vento
e o mar
os corações a bater
em silêncio de amoroso comprometimento
Eram o vento
o mar
os corações já abraçados
a dizer
«amar, amar, amar…»
E nós embaraçados
a sussurrar
baixinho
tão baixinho
que se ouviam os olhos
a gritar:
«Amooo-te»
Mas nós não sabíamos quem
quando
e como
começar
Como desatar
aquele doce silêncio de amoroso comprometimento
^^
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Dou tempo ao tempo
Apercebo-me de um mais débil pulsar
de badalas langorosas de cansaço
corro a dar corda aos meus relógios
para assim os espevitar
não vão eles parar
e com eles parar o tempo
Iludo-me…
Pensando que o tempo sou eu que faço
mas o tempo não tem origem em mim
apenas o mais puro sentimento
vem de dentro
Ainda assim...
Como os maquinismos mecânicos
prolongam as horas e os dias
dos mecanismos do tempo
em badaladas mais sonoras
e prolongadas
Também…
Os beijos e os mimos
animam o bater dos corações
e reanimam
com seu calor
as maquinações da relojoaria do amor
e dão tempo
ao tempo
Mas o tempo…
Sempre está a acontecer
esgota-se por si só
e com dor
sem piedade
nem dó
e tudo acaba por morrer
A menos que a mecânica celeste
com suas engrenagens cor-de-rosa
nos conduza a viagem
mais esperançosa
^^
domingo, 25 de novembro de 2012
E a paixão também poderá ser…
E a paixão também poderá ser
uma momentânea loucura
que nos toma por dentro
nos destabiliza por fora
e em pouco tempo
deita tudo a perder
Um já sofrer
antes mesmo de que nada nos faça doer
embora já sabendo que tal
nos irá acontecer
A origem de uma vertigem
que nos leva a nos precipitar
no fogo que nos irá queimar
A euforia de uma alegria
sem igual
que nos embriaga
mas que não entendemos
e que acaba por nos abrir uma chaga
no coração
de que só nos apercebemos
quando já não tem reparação
E a paixão também poderá ser…
só um querer sofrer
^^
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
É pecado emigrar
É pecado emigrar
abandonar
a nossaTerra Mãe
Deitar ao abandono
seus campos, ares e mares
dar a pátria a má lei
e a grei a mau dono
Entregá-la ao desdém
de quem
arma a polícia
com estultícia
e dá pedras ao vilão
por omissão
É pecado emigrar
abandonar a nossaTerra Mãe
Sem saber
quanto se irá sofrer
de saudade
em terras estranhas
Só a nossa Terra Mãe
gera em suas entranhas
o pão
o mel e o azeite
o leite e o luar
capaz de nos alimentar
com o mor deleite
do seu amor
Só a nossa Terra Mãe
guarda no seu seio
o justo anseio
do nosso coração
Terra Mãe que precisa de novo
da força do seu povo
para os campos semear
e a liberdade defender
E à juventude
povo impoluto
cabe a virtude de se erguer
e se revoltar
contra o regime corrupto
É forçoso ficar
não fugir
resistir
salvar o devir
^^
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Uma amargura da largura da Terra
O meu estado de espírito dominante
mais do que uma angústia insana
é uma amargura amarga
angustiante
violeta
do tamanho do Planeta
Ante a pobreza
a violência
a injustiça terrível
que grassam sobre a Terra
e a ferocidade com que o homem maltrata a Natureza
Ante a minha impotência
para algo fazer de visível
Não me sinto suficientemente mau
para neste mundo triunfar
nem bom bastante para me auto imolar
e sorrir
Por isso me refugio
me escondo
no mais profundo do meu ser
por não saber
para onde ir
Já não há selva
deserto ou montanha
bairro clandestino
artimanha ou destino
longe ou perto
aonde me possa esconder
E assim viajo sem tino
para o local mais distante do Cosmos
que me é possível imaginar
Embora saiba que nem mesmo aí
me poderei salvar
^^
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Escrever no escuro
Penso e escrevo
no escuro
De mente iluminada
de nada
e sem olhos para ver
Como se de olhos fechados
em folha de papel em branco
Apenas vejo gatafunhos
que me angustia decifrar
Por isso
nem sempre
nem eu
nem ninguém
sabemos ler
o que queremos dizer
^^
terça-feira, 20 de novembro de 2012
São só poemas
Não são
sequer
murmúrios
São pensamentos soltos
palavras silenciadas
atiradas aos ventos
Palavras que poderão passar
de mão em mão
e dar volta à Terra
Pombas de paz
borboletas de ilusão
quiçá falcões de guerra
ou de outra obscena miséria
São flores
antúrios perfumados
arrulhos enamorados
São palavras perfumadas
trabalhadas
com dores
amores
e dilemas
São só poemas
^^^^
sábado, 17 de novembro de 2012
Sonhar é viver
Sonho quando durmo
adormecido de amor
sonho acordado
despertado de saudade
Sonho quando voo
numa anelada realidade
diferente da que a vida me consente
Sonho se sou feliz
sem adormecer
por não acreditar
que tal me está a acontecer
Sonho sem querer
e sem ensejo
sonhos súcubos e íncubos
Sonho se adormeço com desejo
e acordo com ansiedade
Sonho
mil ideias em atropelo
se a vida é pesadelo
porque sonhar é viver
^^
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
A paixão é assim
A paixão é assim
Começa por um mero odor
um simples olhar
uma breve fala
por nada que a valha
Acaba por tudo querer
em tudo querer ser a maior
mesmo o maior amor
Mas por dá cá aquela palha
à mais pequena falha
ao mais leve incidente
tudo deita a perder
Paixão é assim
simplesmente
^^^^^^
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Mais fácil ainda é amar
Sonhar
é acreditar
seja lá no que for
E afinal é tão fácil sonhar
e sem dor
Basta olhar distante
perder a noção do tempo
e deixar-mo-nos levar
num instante
Como fácil é voar
Basta subir
a um ponto alto
abrir a asas
e deixarmo-nos cair
sem sobressalto
Como fácil é navegar
Basta entrar na corrente
e deixar-mo-nos ir
ao sabor do vento
Mas mais fácil ainda é amar
Basta sorrir
a esmo
que o amor se basta
a si mesmo
^^^^^^
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Sonhos suspensos
Folhas dependuradas nos ramos das árvores
que se libertam pelo Outono
se a brisa
ou o vento
chegam a tempo
de os empurrar para longe dali
levando-os a perderem-se na estratosfera
fugindo a ser húmus
Sonhos do espírito
a que o corpo não responde
em seu sono
Pesadelos de acordar
na cama da amante que nos abraça
com as pernas e as coxas
pelos quadris
mas nada nos diz
Sonhos que sonhamos
mas nada acontece
e que melhor será
nem sonhar
^^^^^^
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Só ama quem tem a alma acesa de amor
Um penedo
surdo e mudo
que seja
perdido no seio da floresta
ou no descampado do monte
é amado pelo poeta
que ali sentado
se perde no horizonte
Votado a amar os seres
e as coisas
a quem ilumina
com a luz da poesia
e lhe recolhe o reflexo
Mas só ama
quem tem a alma acesa
de amor
capaz de lhe iluminar
o coração
Como o Sol
que durante a noite alumia
a Lua
cuja luz reflecte
em luar
^^^^^^
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Uma secreta fantasia
Se fosse apenas eu a ler
a poesia que escrevo
ela não passaria de uma secreta fantasia
de uma mania como outra qualquer
Ainda que sempre valha a pena escrever
mesmo quando nem eu próprio compreendo
aquilo que escrevo
e não saiba bem o que quero dizer
Mas eu quero que a minha poesia
viva e tenha mais alegria
e que quem a lê-la se abrir
me ajude a descobrir
aquilo que eu quero dizer
Só por isso sempre a dou a ler
^^^^^^
domingo, 28 de outubro de 2012
Breves reflexões sobre a vida
A vida é tudo o que somos
e o que não somos
O que temos
e o que não temos
O que amamos
e o que sofremos
O que nos afecta
e o que nos desperta
O que nos faz viver
e o que nos leva a morrer
É o adeus ao passado
a despedida do presente
a chegada do futuro
É cosmos que se revela
a divindade que se esconde
o mal e é o bem
É a incerteza do viver
a certeza de morrer
a dúvida do Além
^^^^^^
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
O espelho da alma
Percorro montes e vales
campos e cidades
à procura de um espelho
em que me possa ver
Encontro lagos
maciços gelados
edifícios espelhados
vidros de cristal
Apenas vejo imagens
miragens de mim
mil meias verdades
sombras do meu ser
Só posso ver o meu rosto
num espelho que o reflicta
à luz do dia
que o escuro repele
Só poderei ver o meu espírito
no espelho de Deus
que o revele
à luz do amor
que o concita
^^^^^^
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Quando o coração arde de amor sem se consumir
Quando o coração arde de amor
sem se consumir
e aquece
sem queimar
e ilumina
sem ofuscar
Então…
A mente dispensa a matemática
para bem entender
a poesia não precisa de gramática
nem de rimar
os olhos não carecem de luz
para ver
à boca não falta o pão
para comer
e matar a fome
a paz não precisa de guerra
para se afirmar
e ninguém tem que matar
para sobreviver
Quando o coração arde de amor
e se não consome
jamais a paixão será ilusão
e nada na vida
é para esquecer
^^^^^^
domingo, 21 de outubro de 2012
Só a sua presença me fará esquecê-la!
Agora que partiu
e me deixou afogado em saudade
Agora que não a tenho ao pé de mim
de verdade
tudo me fala dela
e não deixa que eu a esqueça
Cada flor que sorri
cada ave que chilreia
cada criança que ri
as águas do rio que se precipitam fragorosas
no açude
o sol que incendeia
a lua que se desnuda
e julga que com o luar me ilude
Tudo martela o nome dela nos meus
ouvidos
aviva a sua lembrança na minha mente
e rasga o seu afecto no meu
coração demente
repartido por todos os sentidos
Se a fome me desperta
se o cansaço me toma
se me assalta o desejo
é nela que penso
Como poderei esquecê-la se tudo em meu
redor
dentro de mim grita por ela?
Acaso posso abafar o vento
silenciar as aves
calar as crianças
apagar as estrelas
secar as flores
matar a saudade que me consome por
dentro?
Só a sua presença me fará esquecê-la
Que venha!
Que regresse
se pretende que eu a esqueça.
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 3
de Abril de 2009
Henrique Pedro
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Pedro, pedreiro de poemas
Arranca o poeta uma ideia
cheia
tamanha
da montanha da inspiração
Uma pedra
de angústia
dor
amor
ou saudade
Um penedo
de coragem
medo
ou desilusão
Olha-a na perspectiva da verdade
burila-a com os olhos e os ouvidos
afina-lhe a imagem
com os cinco sentidos
Martela-a com o coração
afeiçoa-lhe o metro e a rima
adoça-lhe a entoação
e doura-a de fantasia
Assim o poeta compõe
uma peça de poesia
que expõe
ao olhar
da multidão
Na ideia de que será digna de figurar
numa antologia
paradigma de criação
^^^^^^
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Levanto-me e caminho…
Sozinho
levanto-me e caminho
levado pelo vento
da verdade
que sopra de todo o lado
a todo o tempo
Paixão que me assola
saudade que me consola
milagre que já tarde
tarda
Absorto na lembrança do futuro
no desejo imaturo
de ser feliz
Abjuro o poder
anelo a glória
agarro-me à raiz
recuso ir-me embora
Vou andar por aí
mundo fora
ficar por aqui
ao lado dos meus
Caminhando por mim a dentro
para onde mais forte sopra o vento
na procura de Deus
O Cosmos é o meu Templo
^^^^^^
domingo, 14 de outubro de 2012
Poema da morena
Não tenham pena
da morena
por não saber ler
que a morena
sabe escrever
e dizer
melhor
que ninguém
Escreve poesia
como nunca li
que deleita
e sabe bem
De noite
ou dia
quando anda
quando fala
quando dança
quando canta
se deita no leito
no perfume que exala
ou simplesmente sorri
Cada trejeito
seu
é um verso
um universo
de bem escrever
que faz o jeito
meu
E seu corpo é um poema
de poesia de encantar
que só mesmo a morena
sabe como declamar
^^^^^^
sábado, 13 de outubro de 2012
Rosas remanescentes
Rosas remanescentes
A quinze de Outubro
dia do teu aniversário
caminharemos mais uma vez de mãos dadas
gozando os derradeiros raios de sol do dia
que inunda todo o espaço com poesia
neste mês de Brumário
Rosas remanescente das roseiras raras
que trataste com enlevo na Primavera
continuam a “rosir” iluminando de cor os canteiros
como se fossem sorrisos permanentes
A lembrar-nos que a vida será um amor eterno
se assim quisermos
mesmo que saibamos que já não somos adolescentes
e que caminhamos para o Inverno
Quando já as romãs sorriem de contentamento
desafiando os ouriços nos castanheiros
e só os pinheiros e as oliveiras continuam folheadas
porque o seu verde é perene
Todas as demais árvores
já se despedem das folhas amarelecidas
sem lamento
entristecidas de tristeza estreme
porque em breve serão despidas pelo vento
Como os diospireiros surreais já completamente desnudados
feericamente emoldurados de vistosos dióspiros
encarnados
carnais
condenados a apodrecer dilacerados pelos pardais
como se fossem inconsequentes suspiros
dependurados ao tempo
teimando em não morrer
Eu quero que estes efémeros momentos
de amor aberto e suave alegria
fique melhor registado que numa máquina fotográfica
ou numa câmara de cinema
Prefiro usar o dom da poesia e gravá-lo em poema
que para lá da imagem e do som
melhor regista afectos e sentimento
Vale de Salgueiro, segunda-feira, 6 de Outubro de 2008
Henrique António Pedro
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Futuro de ontem, passado de amanhã.
Vivo a pensar
no presente
no passado
no futuro
e vivo para lá retornar
Não sei se ao futuro
esquecido
se ao presente
sofrido
se ao passado
recordado
Vivo de sonhos
de lembranças
de esperanças
das sensações que a cada momento
o mundo me causa
sem pausa
de pensamento
ou sentimento
Não foi igual ao de anteontem
o meu futuro de ontem
Nem o meu futuro de hoje
será igual ao de amanhã
nem o de amanhã
será igual ao de depois de amanhã
Nem o meu futuro do futuro
será igual ao futuro
Só na minha mente malsã
o futuro de ontem
será o passado de amanhã
Futuro eu
que não sei que futuro
Deus me deu
^^^^^^
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
A florir no devir
A
florir no devir
Qual
árvores enraizadas nos corpos arraigados à terra
que
voam pelo universo agarrados ao planeta mãe
De
ramos a roçar as estrelas
agitados
pelo sopro
do vento
do
além
Vivificados
pela dor
e pelo
amor
verso
do desgosto
que
embriaga como vinho mosto
É
por aí
por
aqui
por
além
por
dentro do meu sentir
que
eu vou
e
voo também
A florir no devir
Vale
de Salgueiro, segunda-feira, 8 de Outubro de 2012
Henrique
António Pedro
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Deixei de querer agarrar a Lua
Deixei de querer
agarrar a Lua
porque me dizem
que tal
é uma estupidez
Mas acreditem que não desisti
de vez
Como também não deixarei de fitar
o Sol
só porque me disseram
que posso cegar
Fugirei, porém
de me apaixonar
só por querer amar
mais e mais
^^^^^^
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Não me lembro de ter nascido
Não me lembro
do acto em que nasci
do parto de minha mãe
nem por quem
fui assistido
Não me lembro de ter sofrido
ou gozado
rido ou chorado
muito menos donde vim
da razão de estar aqui
ainda assim
Não me lembro de muito que já vivi
amei
e sofri
a vida ainda me sorri
tenho mais para esquecer
Eu gostava, sim, de me lembrar
de tudo que se passou
do fui e do que sou
e sem fantasiar
Eu gostava, sim, de me lembrar
de tudo que vivi e tenho para viver
mesmo depois de morrer
^^^^^^
domingo, 2 de setembro de 2012
Mata-se e mais se aviva a saudade
À chegada…
Ela espera-me … ansiada
Eu procuro-a … impaciente
Eu vejo-a … ela vê-me
no meio de toda gente
Abro os meus braços
ela abre os seus
Ela corre … eu corro
julgo que morro … ela que morre
Estreitamos um abraço
levanto-a do chão
o seu coração bate
tanto quanto o meu
Olho-a nos olhos
olha-me nos meus
Colamos os lábios
deliramos um beijo
exalta-se o desejo
Voamos Cosmos fora
sem sair da cama
por todo o fim-de-semana
Soltam-se os lábios
amornam os desejos
aprazam-se novos beijos
Abrem-se os braços
abre-se o espaço
para próximo abraço
À partida…
Fica parada … a olhar-me
volto-me para a ver
Só a vejo a ela … a mais ninguém
na hora da despedida
Grito-lhe que a amo
grita-me que também
acena-me
digo-lhe adeus
seus pensamentos são os meus
Ela queria vir sentada
a meu lado
no avião
Preferia eu ter ficado … com ela
colado ao chão
Conclusão…
Mata-se
e mais se aviva
a saudade
nas idas e vindas
da ansiedade
***
*
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Um quantum espiritual
Desdobro-me
saio de mim
e assim
me vejo por fora
Viajo para outro sítio
permanecendo aqui
Salto no tempo
mudo de espaço
e vou-me embora
sempre e agora
preso a mim
enredado na ilusão
que me enleia
Penetro no meu próprio corpo
viajo por cada artéria e veia
nado nas aurículas e ventrículos
pulmões e testículos
banho-me no coração
Balanço-me nos axónios
do meu próprio cérebro
salto de neurónio em neurónio
feito ideia e afecto
homem completo
Sou uma ínfima parte de mim
que se não dissocia
Um quantum espiritual
uma centelha de bem
outra de mal
Uma boa sensação
que me percorre por dentro
me visiona por fora
e viaja pelo Cosmos além
mas não tem dimensão
***