terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Tão felizes que nós éramos!
Sim
éramos
felizes
só
porque
nos amávamos
E tão
felizes nós éramos
sem o
saber!
Mas deixámos
de o ser quando deixamos de nos amar
e
procurámos a felicidade noutras paragens
deslumbrados
por outras imagens
miragens
de puro prazer, poder e riqueza
Quando
ousámos ser mais belos
ainda
do que
éramos
recorrendo
a artifícios
e
sacrifícios
que
desnaturaram a beleza
que a
Natureza nos ofertara
Quando
iludimos a poesia
a
convertemos em futilidade
e
deixámos de cantar com verdade
o amor
Ainda resta
uma
réstia de felicidade
porém
na
saudade que agora
nos
assola o coração
e
ainda bem
Poderemos
voltar a ser felizes
Sim
Basta
que voltemos a nos amar
Tão só!
^^^^
domingo, 27 de janeiro de 2013
Uma curva do caminho
Foi lá que aprendi a andar
a tropeçar
a cair
e a me levantar
A subir
para ver o vale
de cima
A descer
para debaixo
contemplar o cume
A mudar de direcção
para poder
seguir adiante
incólume
Mesmo agora
que já me não dá prazer
subir ou descer
a correr
esfusiante
como quando menino
apraz-me parar a meio
Para pensar
repensar
e respirar
em ar aberto
para repor o coração
a bater certo
em seu anseio
Naquela curva do meu caminho
uma simples volta na ladeira
da colina onde moro
^^^^
sábado, 26 de janeiro de 2013
Vejo-me nos seus olhos
Assim ela
melhor se mostra
e se
denuncia
e melhor
eu a vejo
e com
mais força mais a desejo
Vejo-me
nos seus olhos
Vejo
nos seus olhos o que lhe vai na alma
e tudo
que os seus lábios
e
palavras
escondem
Ouço o silêncio
do seu
sorriso
A
partir daqui invento-a
e
reinvento-me a mim
Levado nas
asas da imaginação
e do
vento
sopro
da
paixão
^^^^
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Uma mulher apaixonada
Escreve-me
Para me
dizer
que é
uma mulher apaixonada
mas não
me diz
por
quem anda enamorada
Depreendo
se bem a
entendo
que
seja por mim
embora eu
nada tenho a ver com isso
Por
isso
e pelo
sim
e pelo
não
respondo-lhe
em manobra
de diversão
que também
eu sou
um
eterno enamorado
por
carácter um apaixonado
Emotivo,
Activo, secundário (EAs)
E que para
melhor me compreender
Emst
Kretschmer deve ler
já que a
questão é de caracterologia
embora a
trate eu com poesia
Se leu
o que lhe recomendei
não sei
Certo é
que de pronto se desapaixonou
e que
por bem ou por mal
nunca
mais me escreveu
ou me falou
Não era
uma apaixonada
não
muito menos
uma Passionária
do
coração
Era só uma
sentimental
Emotiva,
Activa, primária (EAs)
Poeta dixit
^^^^
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Sons
A gota
da clepsidra
seja de areia ou de água
acerta a vida
nada diz da mágoa
O som do diapasão
afina o tom
do violão
O sinal do sino
convida à oração
O longo ecoar do gongo
mais parece um lamento
a toar o tempo
seja de areia ou de água
acerta a vida
nada diz da mágoa
O som do diapasão
afina o tom
do violão
O sinal do sino
convida à oração
O longo ecoar do gongo
mais parece um lamento
a toar o tempo
A
toque de caixa
ninguém
se rebaixa
O rugido de leão
na savana
a ninguém engana
O barrido do elefante
que raspa o chão
tonitruante
dizem ser parecido
com o som da vuvuzela
e que não há outro como o dela
Deixa um zunido
enorme
no ouvido
causa dor
e faz toar a Razão
Mas não faz esquecer
a fome
seja de falta de amor
ou de pão
O rugido de leão
na savana
a ninguém engana
O barrido do elefante
que raspa o chão
tonitruante
dizem ser parecido
com o som da vuvuzela
e que não há outro como o dela
Deixa um zunido
enorme
no ouvido
causa dor
e faz toar a Razão
Mas não faz esquecer
a fome
seja de falta de amor
ou de pão
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Trago um sentimento ágrafo agrafado no peito
Trago
um sentimento ágrafo
agrafado no peito
atravessado
atravessado
na
garganta
Abafado
sem
jeito
Incapaz
de expressar
seja a
escrever
ou a falar
a mim mesmo me espanta
a mim mesmo me espanta
Tomara
ter
a
coragem de uma aragem
para
lhe dizer
e lhe
confessar
que a
amo
Mas temo
ser traído
pelo
vento
Mal
ela sabe com ando sofrido
da
raiva que derramo
dentro
de mim
por
ser assim
Mas eu
a amo
Dói
só de o pensar
^^^^
domingo, 20 de janeiro de 2013
Uma chávena de angústia
Entrou
de mansinho
surgida
da rua
vestida
de lua
e
sentou-se na mesa ao lado da minha
vida
Pediu
uma chávena de porcelana
imaculada
vazia
de nada
Que
encheu de angústia
adoçou
com amargura
e mexeu
com a colher da poesia
por
entre vapores de Baco
e baforadas de tabaco
Despediu-se sem alegria
quando eu já bebia
de pé
a
minha chávena de café
e de ansiedade
Remexeu
comigo
aquela mulher
Tanto
que a impressão carmim
dos
seus lábios
rubros
de sensualidade
no
bordo da chávena de porcelana
imaculada
permanece
indelével
dentro
de mim
in
Mulheres de Amor Inventadas
(1.ª
Edição, Outubro de 2013)
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
A samarra transmontana
É uma relíquia transmontana
Esta nossa veneranda samarra
Sendo típica veste de montanha
Na verdade, nada tem de bizarra
A pele doirada, de cor piçarra
De dócil raposa sacrificada
À vaidade que lhe deitou a garra
Tem a docilidade entranhada
É indumentária de estação
Que protege do frio no Inverno
Aquecendo corpo e coração.
Todos, no meu Trás-os-Montes paterno
A vestiam bem e com distinção.
Era, afinal, um sinal fraterno!
Vale de Salgueiro, sábado, 21 de Agosto de 2010
Henrique Pedro
sábado, 12 de janeiro de 2013
É sempre de si que o poeta fala
Quando
chora ou ri
Quando
cala
ou
canta a dor
ou exalta
o amor
Quando
se angustia
e abre
a mente à fantasia
Quando
vitupera a mentira e a guerra
e
reclama a paz para a Terra
Quando
uiva de saudade
Quando
põe a nu a verdade
e denuncia
a falsidade
Ou quando
se dá ao desfrute
de nada
dizer
em
rima exaltada
É
sempre de si
que o
poeta fala
Mesmo quando
de si
nada
diz
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Abro a janela da alma e ponho-me a gritar
Refugio-me
da chuva
neste frio
dia de Inverno
do mês
derradeiro
do ano
de tão
triste engano
Grossas
gotas de angústia
e desânimo
batem
forte na vidraça
Vejo o
meu país
em
torpor
varrido
por ventos
uivantes
de dor
e
desgraça
Percebo
mil imagens e ruídos
apelos
doridos
gemidos
choros
de crianças
que
não conseguem adormecer
E ouço
o povo
que a
si mesmo se diz:
Para
que lutar?
Melhor
será deixar acontecer
Já se perdem
as derradeiras esperanças
Sinto
frio dentro de mim
tenho
medo
assusta-me
o futuro
Interrogo-me
ainda
assim
angustiado
de
nariz colado
ao
vidro
calado
Mas a
mais não me aventuro
Já
ninguém escuta ninguém
todos
temos tudo a perder
já
nada a democracia ressalva
Que
poderei eu fazer?
Irracional
abro a
janela da alma e ponho-me a gritar
de
rompante:
- «Aqui,
em Portugal
ou nos
salvamos todos
ou
ninguém se salva!
Portugueses!
Avante!»
Alguém
me há-de escutar!
Vale
de Salgueiro, terça-feira, 13 de Janeiro de 2009
Henrique
Pedro
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Éter e eternidade
Nem sempre
só
e em
silêncio
me sinto em
solidão
Ruídos
remanescentes
impedem-me
de acordar
do vivo
torpor
que é a vida
Os afectos
que me ligam ao mundo
impedem-me
de mergulhar
mais fundo
Ainda assim,
no silêncio
melhor ouço
o coração respirar
e o espírito
mais livre a arfar
de amor
Mas só no
silêncio
e na solidão
conheço o
sucesso
e tenho
acesso
ao meu ser
Só em
silêncio
e na solidão
navego no
éter
rumo a
eternidade
^^^^
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
É a poesia que me desperta
Que
desejo
que
dilema
que prazer
de encantar
me
fazem assim sonhar
despertado
por um poema
em
poesia a florir?
É a
saudade dela
nua
dos seus
beijos ardentes
É a
Lua
coberta
de
docilidade
São as
estrelas luzentes
reflectidas
no seu olhar
que assim
me fazem fruir
Fazer
amor com ela
de
janela aberta
banhados
pelo luar
me
desperta
Não
consigo mais dormir
Que
desejo
que
dilema
que
saudade
que prazer
de encantar
me fazem
assim vigilar?
^^^^
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