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sábado, 28 de novembro de 2015

Ando a ler o livro da vida






Poeta
ando a ler o livro da vida
de alma aberta
e a fazer anotações nas margens
com poesia

Os meus poemas são meras observações
são exclamações de espanto
de amor
e de dor
também de encanto
e de alegria

São dúvidas
interrogações
hinos de louvor ao Criador
são fantasia
desejo de não morrer

Os meus poemas são miragens
miscelâneas interiores
de amores, cores, sons e sentir
imagens instantâneas
daquilo que dia a dia
me é dado perceber

São o antecipar do devir
a marca do meu ser

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Abre-se a noite em dia


 

 
Uma daquelas noites em que não dormia
porque mais me apetecia
manter-me desperto
em prazerosa vigília

Uma daquelas noites
mais claras que o próprio dia
em que eu não dormia
porque coisas simples
prosaicas
me despertavam

Naquela noite fria
arejada de brisas etéreas
claramente percebia
que a minha vista é insuficiente
incapaz de ver para lá das estrelas
que curtos são os meus ouvidos
que não ouvem para lá do que me rodeia
apenas os sons compatíveis
com a frequência que nos tímpanos serpenteia
e tão frágil é o meu pensamento
que embora mais ágil que o vento
nunca me traz certezas

Mergulho no Firmamento
irisado de cósmico albedo
límpido e transparente
semeado de estrelas
banhado de luar irreal
cor de esmeralda
 
Percebo a sinfonia de fundo
o coaxar das rãs
o relar dos grilos
o latir dos cães
o pio esporádico de alguma ave nocturna
que soturna me vem lembrar
que me não devo deixar dormir
porque estou ali para acordar

Assim se vai abrindo dentro de mim
a noite em dia
e de místico luar
se me ilumina a alma

Por isso não consigo dormir
até poder ver
ouvir
e despertar

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Amar e andar apaixonado


 

Amar
e andar apaixonado
soa
a contradição

Melhor será por isso
deixar passar
o tempo
contemporizar
amor
e paixão

Esperar
que mude a direcção do vento
e se desvaneça o feitiço

Deixar
que seja outro
o bater do coração
e não
o arfar
daquilo que se deseja

O amor douto
não tem tempo
e mesmo pura
a paixão
nunca é definitiva

E nem dura toda a vida

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Rio de amor a desaguar em mar de poesia


 


Se o poema tiver alegria
a iluminar a Razão

Se calar fundo no coração

Se for rio de amor
a desaguar
em mar
de poesia

Leve como pena
em lago de saudade

Ponte
e aperto de mão

Grito
hino de liberdade

Se for lido
relido
e sentido
sem condição

Então o poema valerá a pena

Será verdade

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A quem devo perguntar?


 

 

Ando perdido
desde que ganhei consciência de mim
e do mundo
e experimentei a dor
e o amor

A quem devo perguntar
quem sou
donde venho
para onde vou
sendo assim?

O que devo fazer?

O que faço aqui?

Minha mãe respondia-me com beijos
e afagos
com sorrisos vagos
e angústia
por tanto me amar

Meu pai
com o suor do rosto
em cujas gotas refulgia o luar

A ciência
quanto mais me mostra
mais me esconde

A quem devo continuar
a perguntar
então
senão a mim e a Deus
no mais fundo do meu coração?

Quem mais alguém será capaz de me responder?