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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O amor em redondilha maior e em decassílabo




(Heptassílabo ou redondilha maior)

É-nos dado, sim, saber
E sentir que o amor
É o oposto da dor
Vital no nosso viver

Seria bom, não sofrer
Sentir só d` amor calor
Sem haver dor ao redor
Viver só puro prazer

Não sabermos bem amar
Nem sabermos bem-fazer
É o amor aviltar

No sentir do sentimento
Ninguém se pode enganar
É puro conhecimento


(Decassílabo)

A todos nós nos é dado saber
E sentir aquilo que é amor
Porque é o contrário da dor
E parte vital do nosso viver

Melhor seria, sim, ninguém sofrer
Sempre sentir, do amor, o calor
Sem que houvera dor ao seu redor
Viver apenas de puro prazer

Muito poucos, porém, sabem amar
E só porque não sabem bem-fazer
Acabam por o amor aviltar

Sofrer na pele e ter sentimento
É, sem ninguém se poder enganar
A melhor fonte de conhecimento



domingo, 10 de dezembro de 2017

Fado do mal amado





(Do meu baú de recordações) 
Nunca houve outro amor assim
Uma tão cruel paixão entontece
Entrega tão pura ninguém merece
Nem se a mulher for um querubim

Agora choro lágrimas sem fim
Meu pranto ao longe se esmorece
Como uma mal sucedida prece
Que amargamente se vai de mim

A fada cruel quebrou o encanto
Para sempre seu coração calou
Esta é a razão deste meu pranto

Mas a vil paixão de mim não voou
Por isso canto este triste canto
O fado amargo que me tocou

Chaves, 8 de Março de 1966




quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Fogo-de-artifício nuclear



Andam agora os homens a forrar o céu
com aviões
satélites
luzes de néon
rastos de luz e de fumo

Presumo que pretendem tapar o Sol com uma peneira
apagar as estrelas
soprar as nuvens
e aprisionar cometas

Já os políticos histriónicos
se julgam donos do Sistema Solar
como se  as estrelas estevessem ali
à sua mão de semear

Queira Deus que tudo não termine num sopro de ferro incandesce
num monumental fogo-de-artifício nuclear
tendo como música de fundo um acordeão atómico
coro de demónios a bailar


Oh, tanta mente demente!

Que sacrifícios agónicos iremos nós penar?


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

De barro e poesia



Com barro bruto o Criador criou o homem
Insuflando-o com a divina poesia
Para Sua simples recreação e alegria
E sem as dores que ora aos mortais consomem

Porém, tais graças com a poesia eclodem
Que barro vil, por Deus soprado, ganhou vida
Animou Adão e fez Eva apetecida
Dos maiores deleites que na Terra ocorrem

Ao barro, porém, nosso corpo retornará
Finando-se dores e prazeres com a morte
Só a mais pura poesia se salvará

Assim livre da matéria e da má sorte
O homem, com poesia, a Deus louvará
E amará, como Deus quer, Eva, a consorte


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Terra Mater




Enlevam-se o meu olhar e o meu coração
Neste doce mar de oliveiras prateadas
Meu bendito berço de mil colinas encantadas
Toma-se o meu ser da mais santa comoção.

Bandos de aves livres voam em livre formação
Pela branda brisa do cair da tarde embaladas
São pela nossa Mãe Natureza abençoadas
Dão asas e graça à sua natural paixão

Terra sem igual sagrada pela oliveira
Aspergida por espiritual quietude
É ganha-pão de gente simples, pura e ordeira

Que nos úberes vales de rio e ribeira
Cultiva sua grata agrária virtude
Assim haja paz igual na Terra inteira


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Quando a minha alma em mim anda perdida



Estou só

Na casa vazia
televisão acesa sem som
silêncio denso
constrangedor

Um cálice de vinho do Porto
semivazio
sobre a mesa

Meio morto
bebo
e encho de novo o cálice da ansiedade

Mergulho
absorto
mais e mais
na mais amarga solidão
amálgama de filosofia, poesia e ansiedade

Descubro
com emoção
que existo
e que a minha alma em mim anda perdida

Não sei que lugar ocupo na humanidade

Mas eis que o telefone toca!

É quem me ama que me chama!

Emerjo na piscina da alegria
qual campeão olímpico
ovacionado pela multidão
em mil imagens de caleidoscópio

Agradeço os aplausos

Aplaudo-me a mim próprio