Gosto de orar
na ideia de que adormeço
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
e viajo Cosmos além
livre de todo o mal
A sonhar que a mão de Deus me afaga
me faz Revelações
como fazia minha mãe
quando menino
me aconchegava no seu seio
Ciciando-me doces melodias
de amor e de encanto
como se eu fora um santo
um deus pequenino
Eram ecos
e reflexos
do Criador
O meu pensamento voava
por dentro do sonho
para fora do sono
e o meu espírito vogava pelo Universo
iluminado pela
luz
do seu coração
Tento agora
ouvir de novo
os mesmos ecos
ver os mesmos
reflexos
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
na ideia que é o regaço de minha mãe
Não encontrei até hoje
melhor forma de me interrogar
outro verso e anverso
das agruras da
vida olhar
sem me sentir vazio
naufrago do nada
sem me angustiar
Era Deus
que descia do Céu
para me falar de Si
com suavidade
mesmo ali
no limiar da Eternidade
Era eu
que a dormir
despertava por dentro
mergulhava no mais profundo de mim
descobria o meu caminho
e me transformava
em profeta daquele espaço
naquele tempo
Para lá do umbral do pequeno templo da minha aldeia
pregada na parede mais umbria
ergue-se porém
uma Cruz
lustrada pela luz trémula de uma candeia
que ilumina de divino
o destino sonhado
no regaço de minha mãe