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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Morrer? Qual o problema?




Morrer?
Qual o problema?

Desde que a morte seja suave
e tranquila
preferencialmente epílogo de uma velhice longa
e feliz

Nunca sentenciada por uma causa
fútil
e inútil

Por uma qualquer religião
pátria
justiça
ideia
verborreia
ou infeliz ilusão
terrena

Poder
por fim
dizer adeus
ao mundo e à dor
viver a fascinante aventura da eternidade
satisfazer a curiosidade imensa do além
conhecer toda a dimensão do amor 
e da verdade
libertar a mente
e encontrar 
quiçá
Deus
bem de frente

in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)


sábado, 13 de abril de 2019

Para ler de olhos fechados




Para ler de olhos fechados

Lanço desejos e ambições ao fundo do mar 
páro de me pasmar com o mundo

Cerro a porta do palácio das ilusões
abro a janela da alma
por onde flui a calma brisa da solidão

Apoio os cotovelos na mesa e afago o crânio

Apago a luz
nenhum oiro agora reluz
só o meu espirito brilha
fosforescente
em minha mente

Fecho os olhos

Tapo os ouvidos

Solto a imaginação

Aponto os olhos do espírito além do horizonte
escuto os sons que me chegam das profundezas do Cosmos

Fixo-me no sonho
a realidade é agora mera ideia

Se quero transformar o mundo
devo começar por mim primeiro

Escrevo uma oração em minha mente
súplica ou devaneio
declamo-a na razão e no coração
de permeio

Rezo

Falo com Deus

Acordo porque adormeço
sem que meu corpo entorpeça
e a vontade esmoreça

(Leia este poema, amigo
veja o mundo profundo
de olhos fechados
embaraçados de lágrimas)


Vale de Salgueiro, quinta-feira, 11 de abril de 2019
Henrique António Pedro



terça-feira, 9 de abril de 2019

Um copo de tinto com poesia




Sentado à mesa da insanidade
numa tasca escusa
barulhenta
que apenas gente de má nota
a frequenta

Que importa!

Com uma garrafa de poesia aberta
a beberricar versos
e a bolsar poemas

A falar de mim
a gesticular
embriagado de vida
sedento de amor e verdade

Nada tenho para esquecer
tudo tenho para lembrar

Só mesmo a poesia poderá ajudar-me a resolver
este meu dilema
este meu abstrato desiderato

Por isso o convido

Venha!

Sente-se aqui ao pé de mim
mas não fique calado
e beba
até cairmos ambos para o lado

Talvez acabemos por acordar
num banco de jardim
no centro da cidade
adormecida

Ainda antes do sol raiar
decididos a mudar de vida

Embriagados dessa mística alegria a que se chama poesia

Vale de Salgueiro, sábado, 28 de Agosto de 2010
Henrique Pedro

quinta-feira, 14 de março de 2019

À Mãe da Poesia




Revoadas de borboletas doiradas
geradas no Seu olhar
irão povoar
os canteiros do mundo inteiro
transformado em jardim
assim
a mim
me apraz sonhar

Verdadeiros poemários
viveiros de poemas
emanados das violetas
das rosas perfumadas
das florinhas de jasmim
dos amores-perfeitos
que florescem em santos peitos
e santificam os fadários
dos poetas anátemas

O mais belo poema é Ela
a Mãe de Jesus
a poetisa da Paz
alfobre de amor
flor que refulge de luz
e exala poesia
que noite e dia alumia
e adoça a dor
da vida mais sombria


Vale de Salgueiro, domingo, 18 de Julho de 2010
Henrique Pedro

terça-feira, 12 de março de 2019

O Mahatma




Sexo é luta de morte
é matar e morrer
devemos aprender 
a amar com serenidade
se filhos felizes queremos procriar
e um homem novo em nós ver
renascer

Não tem sentido foder apenas para resfolegar

Grande é o proveito que o homem pode tirar
de dormir
com lindas mulheres nuas
por uma, duas, três
e mais luas
ao luar
mas sem lhes tocar

Numa orgia de espiritualidade
se mergulha
de verdade
o espírito se torna mais leve
e livre
e salutar

Absoluta virtude é a virgindade
e definitivo prazer a castidade

Não se alcança a santidade
nas veredas da sexualidade

Isto quis o Mahatma ensinar


Vale de Salgueiro, quinta-feira, 14 de Outubro de 2010
Henrique Pedro

quarta-feira, 6 de março de 2019

Esta ilusão que a poesia a mim me dá




Esta ilusão que a poesia a mim me dá
com meus poemas
de que algum dia
serei alguém

Esta ilusão que a poesia a mim me dá
de que não serei apenas mais um
entre tantos mortais
meus iguais

Esta quimera
esta utopia
que a poesia a mim me dá
de estar sempre à espera

Esta nostalgia do paraíso perdido
lamento de anjo caído

Esta esperança
de que a todo tempo
a felicidade acabará por acontecer

Esta ilusão que a poesia a mim me dá
não me abandonará nunca mais
nem mesmo depois de morrer

Esta ilusão
esta alegria
esta tristeza
esta certeza
que a poesia me sopra no coração
é o motor do viver
de quem vive
de amor

Vale de Salgueiro, sábado, 21 de Agosto de 2010