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domingo, 21 de fevereiro de 2016

Tacteando a eternidade na obscuridade


 

Momento de abulia
triste
de desencanto
solidão e resignação

Massajo o meu próprio crânio
comprimo-o
arranho-o
quase me dá vontade de o esmagar
para assim me soltar
mas mais me entranho

E sinto uma agradável sensação
entre mim e mim
entre cada dedo de cada mão e o crânio
que retém a Razão

As ideias fluem
e refluem
pelos cabelos
para os dedos
e a espaços
pelos braços
retornam à mente

Percebo de repente
que a mim me acaricio
e me delicio
a afagar o meu ego
e a pensar

E assim me tomo
de uma doce e leve sensação
de serena calma

Dou-me conta que apalpo a alma
e tacteio a Eternidade
na obscuridade

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Um raio de luz


 
 

Espraia-se o meu espírito por toda a dimensão do Cosmos
fica o corpo confinado
à Terra

A cabeça
o tronco
os membros
os olhos
os ouvidos
e demais sentidos
entrego-os à Natureza

Deixo que percorram os caminhos que lhes aprouver
sintonizados com a energia telúrica que os anima
faça sol
chuva
ou neve

Por instantes
sou eu
um ser imanente
mais etéreo que o vento

Um raio de luz
ausente
do espaço-tempo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Lanço esta mensagem ao vento


 


Lanço esta mensagem ao vento
em forma de poético pensamento
apanhe-a a quem aprouver

Talvez uma ave a voar
leve no seu bico delicado
este poema chilreio
transformando o meu recado
em gorjeio de amor

Talvez uma criança sofrida
apanhe os meus versos do chão
como se fora uma flor
e logo apareça um anjo de amor
para a proteger e lhe dar guarida
para lhe estender sua mão

Talvez o próprio vento
agarre o dilema do poema
se transforme em furacão
varra continentes e oceanos
proclamando a Justiça e a Razão

Talvez um bando de aves de verdade
emplumadas com meus poemas
façam ninho nos jardins e beirais
dos boçais donos da Terra
e se acabe com a fome e a guerra

Lanço esta mensagem ao vento
em forma de poético pensamento
apanhe-a a quem aprouver

Sentir-me-ei mais feliz e inspirado
se o mensageiro for bem tratado
 
E me trouxer de volta como me apraz
um abraço entusiasmado
um sorriso alegre de criança
um reflexo de amor e esperança
um projecto universal de Paz

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O amor é doce e inebria




Vivo num mundo secreto
um universo aberto
e sonho
um sonho de verdade

Onde o amor é doce
e inebria
e a paixão não impõe condição

Mundo de amor e poesia
onde o espaço se finda no infinito
e o tempo se esgota na eternidade

Mundo que é um templo de utopia
em que a fantasia
roça a realidade
e não tem sentido adormecer

Por isso me ponho a pensar:
se amar é sonhar
para quê
então
acordar
se acordar
for morrer?

sábado, 9 de janeiro de 2016

Amor, simplesmente amor.









Amo
as árvores que planto
oliveiras, tílias e pinhos
que com enlevo vejo crescer
os animais que me cercam
cães
aves
répteis
que fazem parte do meu viver

Amo, simplesmente
como se de seres vivos se tratasse
as pedras em que me sento
e as que com as próprias mãos
alinho em muros
que bordejam o caminho
de encontro ao vento

Amo, simplesmente
os poemas que escrevo
com enlevo
e amo quem os ler

Amo, simplesmente
a mulher por quem me apaixonei
e os filhos que criei

Amo, simplesmente
a verdade
a poesia
a alegria

Amo
a Humanidade

Amor, simplesmente amor.