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domingo, 17 de setembro de 2023

Vem, amor, vem!

 

 


Vem, amor, vem!

 

Vem, amor, vem!

senta-te aqui a meu lado

e esquece

por agora

essa dança de sedução

 

Reclina a cabeça no meu peito

a jeito de deusa

e deixa que a brisa

roçague os teus cabelos de mansinho

por sobre o meu rosto

como fios de seda em desalinho

 

Mas fiquemos calados

deixando que os nossos corpos

se comprometam

em surdina

mesmo contra nossa vontade

 

Deixando que a libido

e demais humores

fervam em banho-maria

e nós em silenciosa alegria

com a ideia de que temos o imenso oceano por cama

não apenas uma toalha estendida na areia da praia

ou os lençóis de cambraia do leito conjugal

porque o tálamo nupcial das almas é o Cosmos

tecido de amor e espiritualidade

 

Vem, amor, vem!

deixa que a minha mão escorregue

delicada

por entre o botão desapertado da tua blusa

não para acariciar o teu seio

mas para sentir o palpitar do teu coração

 

E coloca também tu

a tua mão

no meu peito

para escutar a mesma doce arritmia

e afinar essa mística melodia

pelo mesmo diapasão

 

Vem, amor, vem!

E vê por ti mesma

que não és apenas mais uma mulher

uma fêmea qualquer que deseja e apetece

antes uma alma livre que no amor

se recria e engrandece

 

Mas não me olhes apenas como mero macho

que te deseja e te quer ter

fica também a saber

que há uma infinidade de outras volúpias para comungar

 

Vem, amor, vem!

Mas não queiras ser amante por agora

a correr

sê apenas musa

parceira desta doce aventura

companheira de viajem desta romântica longa-metragem

 

Vem, amor, vem!

Vem partilhar comigo a vertigem de amar

verificar a força sublime do Amor

descobrir coma a magia do luar

de uma serena noite de Verão

poderá transformar uma terna carícia

um beijo verdadeiro

um apaixonado congresso

no ingresso da Redenção

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 3 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro