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segunda-feira, 18 de março de 2024

Glória e morte de uma paixão


Guardámos três dias

cumprindo a tradição

para comprovadamente verificarmos que morrera

 

Foi então que a mulher

por quem eu andara apaixonado

e que só agora

de mim

se enamorara de verdade

removeu a pedra do sepulcro

em que se convertera o meu coração

depois que ali eu sepultara

essa derradeira paixão

 

Espantada, exclamou:

«Está vazio! Tu não me amas e nunca amaste ninguém!»

 

Com ternura respondi:

«Não! A paixão morreu, sim, mas o amor, esse, ressuscitou!»

«Vive, agora, em mim. Será que em ti, também?»

 

Apenas a paixão, a raiva, a ilusão morrem para sempre

levadas pelo vento

diluídas no tempo

 

O amor

esse

nunca morre

não!

 

A paixão sem amor é pecado

 

O amor à paixão abraçado

é Salvação

 

Vale de Salgueiro, domingo, 12 de Abril de 2009

Henrique António Pedro