Lúgubres
são os anos
Trágicos
os enganos
Adventos
de piores tempos
Não
regista a História tanta inovação
Tamanho
progresso tecnológico
Jamais
nalgum dia passado
O planeta
foi tão iluminado
Por
tanta luz a sobreluzir
Néon
dos anúncios comerciais
Pronúncios
de que estará para vir
Ainda mais
maior mal
Jamais
houve tanta miséria
Tamanha
opressão sobre a Terra
Tão desumana
foi a guerra
Tão cruel
a carnificina
Tão
generalizada a fome
Tão
exposta a doença
Tão
desmedida a ambição
Tão descarada
a ofensa
Tão
global a maldição
Jamais
em tem algum
Maior foi
o conhecimento
E mais
espúrio o saber
Mais
forte soprou o vento
Da
mudança e desnorte
O jogo
de azar e má sorte
O deslumbramento
do poder
A obsessão
pela vil riqueza
O fascínio
da volátil beleza
A fama
da fugaz glória
Sem
verdade ou história
Jamais
tantos aviões voaram nos ares
Tantos
rios foram aprisionados
Tão
grande a poluição dos mares
Tantas
as árvores derrubadas
Tantos
animais violentados
Tão
fundo a crusta terrestre foi esventrada
Tão
generalizadamente o solo conspurcado
Pergunta
por isso o poeta…
Que responda
a Ciência e os donos do Mundo!
Quantos
mais aviões pensam por a voar?
Quanto
mais auto estradas projectam abrir?
Quantas
mais bombas vão fabricar?
Quanto
mais petróleo planeiam queimar?
Quantos
mais infelizes vão deixar morrer?
Quantos
mais animais vão chacinar?
Pergunta
por isso o poeta…
Que respondam
os homens de boa vontade!
Quantos
mais corruptos vamos eleger?
Quantas
mais súplicas continuaremos a ignorar?
Quantos
mais gritos de revolta iremos abafar?
Já a
Terra revoltada se alevanta
As
tempestades já soam a holocausto
As
ondas do mar rebentam de raiva incontida
Com
fragor de terramoto e tsunami
O
trovão do Apocalipse já martela os ouvidos
Da
Humanidade enlouquecida
O coração
da legião dos famintos
E dos
moribundos excluídos do mundo
Entoa já
em tétrico silêncio
Acordes
de “dies irae”
De ira
são os dias que se avizinham…
Oh homens
e mulheres de boa vontade!
Promovei
desde já a mudança!
Dies
ira … dias de Ira
Dies
ila …dias de Esperança
Vale
de Salgueiro, 6 de Dezembro de 2007
Henrique
António Pedro