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domingo, 2 de fevereiro de 2025

“Dies irae, dies illa”


Lúgubres são os anos

Trágicos os enganos

Adventos de piores tempos

 

Não regista a História tanta inovação

Tamanho progresso tecnológico

Jamais nalgum dia passado

O planeta foi tão iluminado

Por tanta luz a sobreluzir

Néon dos anúncios comerciais

Pronúncios de que estará para vir

Ainda mais maior mal

 

Jamais houve tanta miséria

Tamanha opressão sobre a Terra

Tão desumana foi a guerra

Tão cruel a carnificina

Tão generalizada a fome

Tão exposta a doença

Tão desmedida a ambição

Tão descarada a ofensa

Tão global a maldição

 

Jamais em tem algum

Maior foi o conhecimento

E mais espúrio o saber

Mais forte soprou o vento

Da mudança e desnorte

O jogo de azar e má sorte

O deslumbramento do poder

A obsessão pela vil riqueza

O fascínio da volátil beleza

A fama da fugaz glória

Sem verdade ou história

 

Jamais tantos aviões voaram nos ares

Tantos rios foram aprisionados

Tão grande a poluição dos mares

Tantas as árvores derrubadas

Tantos animais violentados

Tão fundo a crusta terrestre foi esventrada

Tão generalizadamente o solo conspurcado

 

Pergunta por isso o poeta…

Que responda a Ciência e os donos do Mundo!

 

Quantos mais aviões pensam por a voar?

Quanto mais auto estradas projectam abrir?

Quantas mais bombas vão fabricar?

Quanto mais petróleo planeiam queimar?

Quantos mais infelizes vão deixar morrer?

Quantos mais animais vão chacinar?

 

Pergunta por isso o poeta…

Que respondam os homens de boa vontade!

 

Quantos mais corruptos vamos eleger?

Quantas mais súplicas continuaremos a ignorar?

Quantos mais gritos de revolta iremos abafar?

 

Já a Terra revoltada se alevanta

As tempestades já soam a holocausto

As ondas do mar rebentam de raiva incontida

Com fragor de terramoto e tsunami

O trovão do Apocalipse já martela os ouvidos

Da Humanidade enlouquecida

 

O coração da legião dos famintos

E dos moribundos excluídos do mundo

Entoa já em tétrico silêncio

Acordes de “dies irae”

 

De ira são os dias que se avizinham…

Oh homens e mulheres de boa vontade!

Promovei desde já a mudança!

Dies ira … dias de Ira

Dies ila …dias de Esperança

 

Vale de Salgueiro, 6 de Dezembro de 2007

 

Henrique António Pedro

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