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quarta-feira, 24 de março de 2021

A Virtudes





Era a mais bela criatura da minha geração

um prodígio de beleza e candura

não tinha comparação

 

Chamava-se Virtudes

e não era por engano

porque era amorosa que nem uma rosa

de angelical formosura

e até a tocar piano

era virtuosa

 

Pinga amor, eu?

Não, não!

 

Mas, oh…com que ardor por ela me apaixonei

e com tanta elevação a amei

mesmo se admitir que mutuamente acabamos por nos possuir

como, de facto, aconteceu

 

Porque a rosa da Virtudes um dia me sorriu

e sabe-se lá porque razão a ideia de pecar floriu…

 …no meu coração, que no dela…

primeiro terá ganho tal feição

 

Ainda hoje estou em crer

que o amor mais comum em toda a latitude

que mete beijos e abraços

e sexo

poderá também ter um nexo de virtude

de meiguice

e não ser apenas cega paixão

malandrice

desilusão

 

Isso aprendi com a Virtudes

com quem o acto de amor era um sonho

de demorados e etéreos espasmos

sem sombra de maldade

ou de imoralidade

 

Para lá do epílogo menos decoroso

composto de gritos de gozo

síncronos de orgasmos

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 19 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro