Vai longa a vida
medida por tanto amor vivido
acrescentada de tanta poesia declamada
de tanto sonho sonhado
das flores perfumadas que em
minhas mãos floriram
dos frutos que nos meus braços amaduraram
dos sorrisos que nos meus
lábios desabrocharam
Estão aí as árvores que plantei
a crescer
a crescer
sem cessar
para o provar
Porquê pensar em morrer?
Porquê ter agora medo de me
perder no Universo?
Porque não continuar a sonhar
saltar as ameias do medo
e ousar viver mais e mais
dentro e fora do espaço e do tempo?
Porquê não continuar a viajar
de sonho em sonho
de estrela em estrela
de verso em verso
ainda assim sentido
dorido
inconformado?
Até dar de caras com Deus
e então sim dizer-Lhe das boas
falar-Lhe das dores e tristezas
minhas e alheias
Então, sim, tudo terá sentido
seja eu absolvido
ou culpado
O cumprido
e o não consumado
Vale de Salgueiro, sexta-feira,
12 de Setembro de 2008
Henrique Pedro
in “Angústia, Razão e Nada “ (Editora
Temas Originais-Setembro 2009)