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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Até dar de caras com Deus



Vai longa a vida

medida por tanto amor vivido

acrescentada de tanta poesia declamada

de tanto sonho sonhado

das flores perfumadas que em minhas mãos floriram

dos frutos que nos meus braços amaduraram

dos sorrisos que nos meus lábios desabrocharam

 

Estão aí as árvores que plantei

a crescer

a crescer

sem cessar

para o provar

 

Porquê pensar em morrer?

 

Porquê ter agora medo de me perder no Universo?

 

Porque não continuar a sonhar

saltar as ameias do medo

e ousar viver mais e mais dentro e fora do espaço e do tempo?

 

Porquê não continuar a viajar de sonho em sonho

de estrela em estrela

de verso em verso

ainda assim sentido

dorido

inconformado?

 

Até dar de caras com Deus

e então sim dizer-Lhe das boas

falar-Lhe das dores e tristezas

minhas e alheias

 

Então, sim, tudo terá sentido

seja eu absolvido

ou culpado

 

O cumprido

e o não consumado

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 12 de Setembro de 2008

Henrique Pedro 

in “Angústia, Razão e Nada “ (Editora Temas Originais-Setembro 2009)