Quem
me dera poder postar os meus poemas
E
dar a conhecer ao mundo
Livremente
Os
meus dilemas
Fazer
ouvir a minha voz
Por
toda a Terra
Ainda
mais alto que os terríveis acordes de guerra
Quem
me dera poder amar e ser amada
Viver
o dia-a-dia e ver o dia
Como
uma repetida madrugada
Liberta
de véus e de vendas
Das
leis horrendas
Que
me convertem em vil
E
abjecto
Objecto
Quem
me dera poder ser possuída por amor
Sem
ser posse de ninguém
E de
ter alguém a quem ter
Sem
correr o risco de morrer
Quem
me dera poder banhar-me no mar
Desnuda
E
correr pela praias
Livre
das minhas saias
Quem
me dera poder namorar nas noites de luar
Deitada
na areia
Nua
como a Lua
Ser
dona do meu corpo
E
poder correr o risco de engravidar
Sem
me sentir constrangida a abortar
Oh,
como eu gostava de poder sonhar!
De
ousar ser livre
De
contestar o profano e o divino
De
criar e procriar
Votar
Viajar
E
ser dona do meu destino
Por
agora sou apenas mulher
E não
sou nada
Nem
ninguém
Mas
um dia serei mais que mulher
E
serei tudo
E
serei mãe
Afeganistão, Cabul, 30092005
Daniel Rio Livre
(Repórter de guerra fictício)