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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Apocalipse

 


Mil rostos tem a Hidra

mil cabeças e tentáculos

mil mandíbulas e garras

mil amarras da Razão

mil trágicos espectáculos

mil insanas ideias

mil sinistras teias da globalização

simulacros da Verdade

eclipse da Humanidade

apocalipse da Criação

 

Abro as mãos em oração

liberto a mente de toda a notícia malsã

amanso o meu coração

 

Deus existe

hoje como outrora e amanhã

apenas anda ausente

 

É satanás que no presente

comanda as nações

semeia a fome na Terra, a peste e a guerra

o temor nos corações

e pela mão do próprio homem

com mil máquinas e maquinações

sacrifica a vida e os animais

e mais agrava as catástrofes naturais

 

É o homem que expulsa as aves dos ares

aprisiona os rios e abate a floresta

transforma os oceanos em abismos de enganos

em funestos alvedrios

da Natureza já pouco resta

 

É o homem que vicia o amor e gera o ódio

conspurca o solo

envenena o ar

encobre o Sol e ofusca a Lua

toda a maldade é obra sua

Oh que triste episódio!

 

Das fontes já não brota poesia

antes veneno e desencanto

pranto e sofrimento

morte de toda a sorte

ofensa e aleivosia

mentiras a esmo

tristeza e lamento

resmas de pecado


Vale de Salgueiro, 8 de Novembro de 2007

Henrique António Pedro