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quarta-feira, 7 de maio de 2025

A Vida, A Morte e o Amor “Post Mortem”


Entristeço

percebo que envelheço

 

Não tenho ideia de morrer

muito menos de matar

sinto-me cada vez mais vivo

com mais vontade de amar

 

Acordo

 não mais adormeço

 

Nasci para viver e amar

no ventre de minha mãe

alimentado de amor e leite

deleite do seio materno

se é que o Amor não vem dantes

de muito mais dalém

 

Se assim for sou eterno

 

Vivo vida aventurada

feita de dor, paixão e ilusão

amor, morte e mais nada

 

Agora me dou conta

melhor professor é a dor

sobretudo o sofrimento

que nos corrói por dentro

 

Tomei por amor a libido

apaixonei-me vezes sem sentido

amei com sofreguidão

dominei amantes fogosas

cavalguei ondas alterosas

escalei montanhas escarpadas

veloz voei pelos ares

acelerei nas estradas

 

Embebedei-me de adrenalina

jurei pelo Evangelho

guerrear pelo Império

bati-me pela Verdade

conspirei pela Liberdade

senti saudade em surdina

vivi ansiedade e ambição

sofri a euforia da paixão

 

Sorri e chorei

perdi e ganhei

 

Melhor percebo também

a Natureza nossa Mãe

nunca está triste ou alegre

mesmo ao Inverno resiste

sou eu quem entristece

perco alento por fora

alimento-me por dentro

 

Se afrouxa a pulsão sexual

perco o amor-próprio

a predisposição para o mal

desperta o amor por mim

 e pelos outros ainda assim

por tudo que me rodeia

qual doce melopeia

quase auto compaixão

 

Por cada paixão que morre

mais o Amor se incendeia

 

Aprisionei fortes vendavais

tornei-os brisas amenas

substituí por novas alegrias

velhas e tristes penas

transformei o fogo do Sol

em doce Lua-de-mel

o aroma da sensualidade

no perfume da Amizade

adocei montanhas em colinas

fiz as vagas alterosas

vir beijar

de mansinho

as areias da praia

 

Ampliei a luz das estrelas

para iluminar de espiritualidade

o caminho infinito da Eternidade

 

Converti paixões em Amor

força que não obedece ao Cosmos

ao Caos

ao inferno

e nos leva de retorno a Deus

ao Eterno

 

Interrogo-me sobre a vida e a morte

sobre o amor “post mortem”

 

Amo e vivo tanto

que anseio poder encontrar

ainda

entretanto

melhor que amor e amar

se possa imaginar

 

O Amor único e uno

que nos liga de nós ao Todo

 

Vale de Salgueiro, 27 de Dezembro de 2007

Henrique António Pedro