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sábado, 15 de fevereiro de 2020

Luar de saudade





Vivo voando no tempo
no seio da saudade

Ventos de amor suavizam a dor
e assim o afastamento
não me dói tanto
tão pouco há lugar para pranto
apenas espaço para recordar

Ainda que a verdade
seja nua e crua
como a Lua
que me encanta
só de a ver
mas que de tão distante
me quebranta

Contenta-me contemplar o luar
a sofrer
de saudade

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 20 de Novembro de 2009
Henrique Pedro

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Em decúbito dorsal




Acordo mas deixo-me ficar deitado
absorto
desperto
enlevado

Em posição de decúbito dorsal
de mãos atrás da nuca 
a olhar o tecto
sem nada ver
nem sofrer de qualquer mal
apenas a pensar
porque magia
se dormia 
porque despertei

Apenas à espera
que o despertador toque 
à hora para que o regulei
antes de me deitar

Já a obscuridade do quarto
é rasgada pelos raios da aurora
já lá fora se ouvem chilreios
tomado eu dos anseios
da saudade
não sinto pressa de me levantar

E porque haveria eu
de sentir pressa de me levantar
antes do despertador
tocar?

Só porque acordei antes da hora para que o regulei?

É assim o amor
é assim a saudade
assim é o dom de amar

Um despertador que nos desperta sem hora certa
estejamos ou não acordados
só com pressa de regressar


in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)