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terça-feira, 29 de novembro de 2022

No jardim das paixões desfalecidas

 


No jardim das paixões desfalecidas

 

Flor de Acácia jaz agora

Pálida, silenciosa e fria

Num cemitério vivo

Mundo de mármore e granito

Onde não se ouve um grito

O jardim das paixões desfalecidas

 

Para onde remeto as paixões que arrefecem

Ou são esquecidas

Mas não morrem por completo

 

Flor de Acácia é mais uma estátua vazia

Nua e fria

Uma lembrança esculpida

Petrificada

Sem calor, cor ou sentimento

Sem um único lamento

Sem mais nada

 

Não obstante continuar viva

E a cruzar-se comigo no dia-a-dia

Distante

E arredia

Nem ela respira

Nem eu transpiro

 

Não lhe quero mal

Nem me inspira dó

Nem raiva

Tristeza ou alegria

Apenas e tão só

Esta banal poesia

 

Vale de Salgueiro, 11 de Maio de 2008

Henrique António Pedro


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Quando a hora da minha morte chegar

 


Quando a hora da minha morte chegar

Quando a hora da minha morte chegar

se é que algum dia vou morrer

 

Quando o sangue se me esfriar nas veias

mais vivas e ardentes se revelarão as minhas  ideias

 

Entregarei o corpo com o coração na mão

à Mãe-Natureza para reciclar

que dele melhor fará

o que bem lhe apetecer

 

Serei húmus, seiva, sangue

vinho

aroma de pinho

erva aromática

papel de gramática

grão de jade

 

Ou tão só

 

 Quem sabe?!

 

Por mim

ainda assim

gostaria de me transformar num pinheiro viçoso

frondoso

altaneiro

num novo ser no seio do novo pinhal

que plantei com as minhas próprias mãos

ao sol do sonho

sem sombra de mal

 

As minhas mãos e os meus braços se converterão em ramos

e os pés em raízes

arreigadas bem fundo nas entranhas da terra

já preparada

à minha espera

saradas todas as cicatrizes

 

E o suor que transpirei agarrado à enxada

será a resina perfumada

que purificará o ar

e dará nova cor e vigor a novos pulmões

e a outros corações

que pulsarão do mesmo Amor

 

Mais vivas e ardentes se revelarão

então

as ideias

 

Elas serão o germe de novos sonhos

as sementes de novas poesias

de mais lúcidos dias

de mais clara Verdade

as palavras-chave da eterna Eternidade

 

Quando a hora da minha morte chegar

se é que algum dia vou morrer…

 

Quem sabe?!

 

Melhor será esperar para ver

 

Vale de Salgueiro, 21 de Fevereiro de 2008

Henrique António Pedro 

in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)


domingo, 20 de novembro de 2022

Nina Nim

 


Nina Nim


Responde-me calada

com um sorriso de silêncio

uma expressão de nada

 

Com uma mão de não

um gesto de “nim”

 

Nem não nem sim

para mim

 

Oh, como eu a amo

ainda assim!

 

Tanto que dou por mim

a sonhar

a destempo

a interrogar o vento

 

Na esperança

de que virá a amar-me

por fim

 

Não

ou sim?

 

Nem não

nem sim

 

“Nim”!

 

Henrique António Pedro

in Mulheres de amor inventadas (1.ª Edição, Outubro de 2013)


terça-feira, 8 de novembro de 2022

As Três Eras Cósmicas da Criação

 


As Três Eras Cósmicas da Criação


Quiçá

com tanta guerra

e sofrimento imundo

que a Humanidade crucia


Quiçá esteja para breve o advento de um novo mundo

melhor do que este a que assisto

em comprimento da prometida Parusia

a segunda vinda de Jesus Cristo à Terra


Deslumbra-se assim o meu espírito

com a percepção das Três Eras Cósmicas da Criação

e exulta de alegria o meu coração constrito


Primeiro

com a era divinal do Pai Criador que tudo criou

e a nós também


Depois

com a era do Filho, o Cristo, que nos regatou da dor e do mal


E agora

a glória final

a era do Espírito Santo do Absoluto Amor


Amém


Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Janeiro de 2010

Henrique António Pedro