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terça-feira, 29 de novembro de 2022

No jardim das paixões desfalecidas

 


No jardim das paixões desfalecidas

 

Flor de Acácia jaz agora

Pálida, silenciosa e fria

Num cemitério vivo

Mundo de mármore e granito

Onde não se ouve um grito

O jardim das paixões desfalecidas

 

Para onde remeto as paixões que arrefecem

Ou são esquecidas

Mas não morrem por completo

 

Flor de Acácia é mais uma estátua vazia

Nua e fria

Uma lembrança esculpida

Petrificada

Sem calor, cor ou sentimento

Sem um único lamento

Sem mais nada

 

Não obstante continuar viva

E a cruzar-se comigo no dia-a-dia

Distante

E arredia

Nem ela respira

Nem eu transpiro

 

Não lhe quero mal

Nem me inspira dó

Nem raiva

Tristeza ou alegria

Apenas e tão só

Esta banal poesia

 

Vale de Salgueiro, 11 de Maio de 2008

Henrique António Pedro