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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Há, em mim, uma angústia crónica



em mim

uma angústia crónica

que nada tem a ver com sucessos ou derrotas

amores contrariados

saldos bancários deficitários

com a crise instalada

ou alguma glândula avariada

 

É uma angústia telúrica

que a terra

exala

 

É hálito podre dos monturos de dejectos

do carvão e do petróleo

do alcatrão das estradas

dos escapes dos motores

da borracha e do óleo

da tirania dos ditadores

dos políticos impostores

 

em mim

uma amargura emergente

um aperto de coração

que tem a ver com a política

com o rumo que leva a civilização

 

É uma amargura a um tempo cósmica

e telúrica

a dizer-me que assim

não vamos a lado nenhum

que nem valerá a pena ousar conquistar o Espaço

 

Amargura telúrica

emanada do ar e da água

que causa nos seres profunda mágoa

 

Angústia cósmica

crónica

vinda dos confins dos universos

que polui mentes, palavras e versos

 

Que a mim me leva à contemplação das estrelas

no silêncio da noite

 

A refugiar-me nos templos

em oração

a procurar refúgio na Eternidade

 

Porque indiciam a agonia da Terra

o fim da Humanidade

 

Vale de Salgueiro, domingo, 2 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro