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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poema pequenino do meu Natal de menino


Quando ainda eu era pequenino

lá na minha aldeia

ainda se escrevia e lia

à luz da candeia de azeite

não havia sequer televisão

 

O maior deleite do coração

era ouvir e contar

histórias de amor e de encantar

ao calor da lareira

durante o serão

depois de cear a ceia

feita com amor por minha mãe

 

Pelo Natal porém

outra luz luzia

mas não era não

o luar dos pais natais

dos agentes comerciais

que hoje viajam de avião

 

Era a luz do Menino Jesus

que descia pela chaminé

pé ante pé

a hora já morta

já quase de manhãzinha

e nem sequer batia à porta

para não acordar ninguém

 

Era o encanto do Menino Santo

que por certo sem agasalho

e já a cair de sono

aquecia a Sua mãozinha

no borralho ainda morno

e sem se deixar ver

punha um presente no meu sapatinho

estando eu ausente

sem Lhe poder agradecer

 

Só depois o Divino Menino

voltava para junto de Maria

Sua Mãe

e de S. José

Seu Pai

para a manjedoira perfumada

acolchoada de palha doirada

em que acabara de nascer

lá na distante Belém

 

Era este o Natal sem igual

que os meninos pequeninos

como eu viviam com muita fé

fantasia

e indizível alegria

  

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 4 de Dezembro de 2009

Henrique António Pedro