Já
o Sol declina
já
a noite se avizinha
e adensa
Já espreita
a Lua
imensa
por
entre as copas do olival
que
emoldura a colina
No abismo
celestial
brilha,
por agora, Vénus
disfarçado
de estrela
Entre Sol e Lua
sobre
a Humanidade
paira
o halo pesado
abafado
do
relativismo moral
E a
Lua ergue-se silenciosa
esplendorosa
sorrateira
ruborizada
depois
que o Sol da verdade se apagou
na
Terra inteira
Que
pecados terá cometido ela
para
vir assim envergonhada
se
já não há mal algum
se
tudo é relativo
permissivo
amoral
interesseiro?
Se
já nem pecado é matar
seja
onde seja
e porque
motivo for
se
já não há amor verdadeiro
Se
toda a mentira é agora útil
piedosa
o insulto
gratuito
e a
ofensa graciosa
num
Mundo em que tudo tem preço
e o
Bem passou a ser inútil
um
adereço
A
Lua surge assim corada
envergonhada
só
da Terra ver
Vale de Salgueiro, terça-feira, 27 de Julho de
2010
Henrique António Pedro
