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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Nada, ninguém e mais alguém


Poderá ser só oxigénio e vapor de água

pairando etéreos sobre as colinas

arroteadas

em que medram videiras

rejuvenescidas

oliveiras prateadas

amendoeiras floridas no alvor da Primavera

 

Poderá ser só o suor

que o corpo transpira

e se evapora em diáfana nebulosidade

que reflecte e refracta com verdade

o vapor de amor

que do espírito se evola

e se transmuta em telúrica alegra

 

Poderá ser só o ar
que espírito respira

e pelos pulmões expele

condensado em bafo de poesia

 

Poderá ser só tudo isso

tudo que o poeta só

almeja

 

Vapor de amor e de água

também

nada que se veja

 

Mágoa de alguma alma enamorada

submersa na poética neblina

aspergida por aí

e por além

 

Poderá ser só nada

ninguém

e mais alguém

 

 Henrique Antóio Pedro

in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)