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sábado, 8 de maio de 2021

Quem sou, não sei, nem sou


Sou

isso sei

fogo-fátuo

fagulha a cruzar o céu da vida

e do mundo

por entre miríades de estrelas

 

Um grão de areia perdido no areal

de uma praia sem fim sem ser eterna

 

Uma bolha de ar que rebenta

na espuma efémera

quando as ondas do mar deixam de bater

as arribas

ou os desejos de amar arrefecem

 

Uma folha que vicejou

e acabou por tombar

amarelenta

levada no vendaval

por entre milhares de folhas iguais

e que o jardineiro a arrasta para o monturo

pelo Outono

 

Sei que não viverei sempre

ainda assim vivo para sempre

 

Sem limites

porque o meu limite

está além do Universo

do verso do sentir

do reverso do devir

da razão do dever

e do ter que ser

 

Quem sou

não sei

nem sou 

 

Introdução à Eternidade

Copyright © Henrique Pedro

1.ª Edição, Outubro de 2013