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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Aos derradeiros guerreiros do Império

 


O  Império derradeiro da História

Que agora se esvai na memória

Os imolou

Sem lamento

 

E com eles se sepultou

No ataúde comum

Do esquecimento

 

Em lugar nenhum

 

Negros, brancos, amarelos

Sacrificados agnelos

Morreram de pé

Nas matas de Moçambique e de Angola

Nas olas da Guiné

Trespassados de balas

 

E por lá ficaram defuntos

Abandonados

Esquecidos

Insepultos

 

Que evangelho ou sortilégio

Que adulterada verdade

Que insana vontade

Que espúrio desígnio

Que místico saltério

Lhes traçou o destino

E os abandonou assim?

 

Sem choros

Ilusões

Raivas

Risos

Ou ranger de dentes

 

Apenas os corações penitentes

Distantes

De quem os amava

Pais, irmãos, amigos, amantes

A bater frementes

 

Ceifados na flor da idade

Viveram com frenesim

A sua trágica mocidade

Os derradeiros guerreiros

Do Ultimo Império da História

 

A pátria eterna os engrandece

E sente

A nação presente os desmerece

E esquece

 

A sua vida é uma vitória!

 Inglória!

Ainda assim


 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 26 de Março de 2009

Henrique António