Hoje
vou caminhar adrede
campos fora
noite a dentro
atolar-me na lama
dos caminhos
Vou esquecer que
existo
votar-me ao abandono
diluir-me na
Natureza
não responder a
ninguém
fintar o sono
tratar as ideias com
desdém
Vou deixar que a
minha angústia
se misture com a
água da chuva
em húmus de poesia
que as raízes das
plantas a absorvam
e a convertam em
seiva
Para desabrochar em
flores de alegria
já na próxima
Primavera
e florir em fruto lá
mais para o Outono
Hoje
vou caminhar adrede
campos fora
noite a dentro
até entrar em transe
e explodir em êxtase
quando o Sol raiar
Vale de Salgueiro, sexta-feira,
5 de Fevereiro de 2010
Henrique António Pedro
In Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)
