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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

UM LIVRO ABERTO NO DESERTO XIV – Semeando poesia na areia



No ar anda o ar da saudade
Angustiada
Condensada em grãos de ansiedade
Que me escorrega das mãos
Como areia
                  Ampulheta sem tempo
Que o vento molda 
Em dunas de sofrimento

Ideia que semeia poesia
Onde nada subsiste

Aqui apenas existe
Vento
Areia
E esta alegria
Breve e triste

Procuro flores escondidas
Transfiguradas em pólenes
Em esporos e esporângios
Que misturadas com as areias do deserto
Esperam há milénios
Por uma gota de suor e de esperma
Para germinar

E florir como anjos
Na frescura dos oásis
Se dessedentar de amor
E amar

Aqui a noite é de prata
Tem o toque da Lua
E do luar
O encanto da lubricidade

Já o Sol é demais
É de oiro
E mata


Daniel Monforte, Legião Estrangeira
Algures no Deserto do Sahara
 5 de Agosto de 1955