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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Pára-brisas partido



Chove
Suavemente por agora
Conduzo estrada fora com velocidade moderada não vá a viatura esbarar na estrada molhada
Mais apressadas, gostas de chuva delicadas, deslizam subindo no para-brisas contrárias à lei da gravidade 
Deixam rastos rectilíneos, efémeros, como se de cometas líquidos se tratasse.
Como sonhos que fossem e já não sejam
Também no pára-brisas partido da minha alma há partículas de saudade liquefeitas que sobem velozmente na minha mente qual antolhos que me humedecem os olhos, toldam a visão e encharcam o coração
Quando a chuva aumenta de intensidade acciono o limpa pára-brisas e deminuo a velocidade
Em plena trovoada de Maio acabo por estacionar num desvio de saudade dos tempos em que fui feliz sem o saber.
A imaginar imagens imprecisas
Caio em mim sem querer volto a ser o que sou a estar onde estou
A poesia é o limpa-pára-brisas da minha alma que me ajuda a melhor ver o caminho sempre que caminho sozinho

Vale de Salgueiro, 15 de Maio de 2019