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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Dissecando a alma da mulher vaidosa


Até a mais rubra rosa tem espinhos

e no espírito de uma mulher virtuosa

sempre existe o espinho da vaidade

e mais espinhosos são os caminhos

se a rosa é vaidosa

 

Tomei alfinetes de prata e de marfim

para dissecar a alma de uma mulher vaidosa

que aparentava ser santa

acabei por me retalhar a mim

 

Dei-lhe a beber o veneno da fantasia

que não mata

mas encanta

se diluído em poesia

 

Provoquei-lhe mil desejos

e perdi-me em seus cabelos

olhos

seios

coxas

e humores

 

Povoei o meu ser de flores roxas

e dos ensinamentos sábios

que bebi em seus lábios

 

Apenas quando

por fim

o sopro da verdade me percorreu o corpo

e a punção da sexualidade

me alterou o coração

se libertou em mim o escopro da espiritualidade

 

De mil formas são as formas da vaidade

uma só a forma da verdade

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 26 de Julho de 2010

Henrique António Pedro