Também
sobre mim
se abateu
o manto opaco da dúvida
que nada me deixava ver
ouvir
sentir
saber
Encurralado
não tinha como
nem para onde fugir
Andava perdido
como os demais
Vivia dias de pesadelo
com medo de viver
noites em vigília
gritando
com medo de dormir
Desesperado
atirava pedras aos sonhos
para os espantar
mas os sonhos regressavam
voando
em bando
teimando em não me largar
Era eu que não me dava por vencido
Acabei por compreender
que só acorda
quem se não deixa adormecer
e só vive quem sonha
e não atira pedras aos sonhos
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 7 de Janeiro de
2011
Henrique António Pedro