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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Não se atiram pedras aos sonhos




Também

sobre mim

se abateu

o manto opaco da dúvida

que nada me deixava ver

ouvir

sentir

saber

 

Encurralado

não tinha como

nem para onde fugir

 

Andava perdido

como os demais

 

Vivia dias de pesadelo

com medo de viver

noites em vigília

gritando

com medo de dormir

 

Desesperado

atirava pedras aos sonhos

para os espantar

mas os sonhos regressavam

voando

em bando

teimando em não me largar

 

Era eu que não me dava por vencido

 

Acabei por compreender

que só acorda

quem se não deixa adormecer

e só vive quem sonha

e não atira pedras aos sonhos

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011

Henrique António Pedro