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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Insana Paixão Transmontana

 


Insana Paixão Transmontana

 

Na mais alta e fria serrania transmontana                                    

Apascenta, indefesa, o seu dócil rebanho

Uma linda e sedutora pastora serrana

Cuja pureza, porém, é puro, doce, engano

 

Será santa, sim, para o bom povo, puritano!

Para mim, é pura pecadora, não me engana

Não tivesse ela um secreto amor insano

Que por pura paixão recebe na sua cabana.

 

Que calcorreia toda a montanha atrás dela

De língua de fora como o mais fero lobo

Que não quer o rebanho porque só a quer a ela

 

É só pelos seus beijos doces que eu me afobo

E a ela, com os meus, açobo qual cadela       

Tanto que tal paixão às nossas almas pega fogo

 

Vale de Salgueiro, domingo, 12 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

O vinho de maçã do Paraíso

 


O vinho de maçã do Paraíso

 

Deu Deus, ao bom Adão, para o alegrar

Eva, por companheira, mulher fascinante

Esta fez vinho de maçã, inebriante

Receita da serpente de embebedar

 

Adão por Eva se deixou fascinar

Caindo na malsã condição de amante

E angustiado por sentir Deus distante

Bebeu do vinho até se alucinar

 

Por isso vida de homem é provação

Mas o vinho e a mulher doce agasalho

Bem bebidos e amados são salvação

 

Vinho com moderação, fora do trabalho

A mulher se complacente ou com paixão

Seja o homem criança ou já grisalho

 

Vale de Salgueiro, 18 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A dor de amar demais

 


A dor de amar demais


Fenece, só e triste, como o ledo lírio

Aquele que ama, com paixão, uma mulher

Se mesmo não a podendo ter como bem quer

Continua a amá-la, feito louco, em delírio

 

E sofre demais o emigrante seu martírio

De sentir-se longe do lar, sem o querer

A mais cruel saudade é o seu sofrer

O desejo do regresso é aceso sírio

 

Também o santo místico que vive na fé

É torturado pelo silêncio divino

Só essa mística paixão o mantém de pé

 

Aquele que mais ama mais sofre, já se vê

Apenas alma grande não força seu destino

E aceita a vida tal como ela é

 

Vale de Salgueiro, 13 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 27 de agosto de 2023

A Poética Criação da Humanidade

 


A Poética Criação da Humanidade


Do barro bruto o Criador criou o homem

Só para Sua recreação e alegria

Bafejando amor divino e poesia

Olvidando as dores que os mortais consomem

 

Porém, tais graças com a poesia eclodem

Que o barro tosco que Deus soprou, ganhou vida

Avivou Adão, tornou Eva apetecida

Dos mil mortais deleites que na Terra ocorrem

 

Ao barro, porém, nosso corpo retornará

Finando-se prazeres e dores com a morte

Só a divina poesia nos salvará

 

Para se livrar da matéria e má sorte

O homem, com poesia, a Deus louvará

Amando como Ele manda sua consorte

 

Vale de Salgueiro, 17 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Uma paixão histriónica

 


Uma paixão histriónica

(Jocoso)

 

Trago meu pobre coração a arder

É tão triste a minha condição

Tão abrasadora esta paixão

Que o desfecho não posso prever

 

A essa mulher não passo sem ver

Embora forçado pela Razão

A conter-me e a dizer que não

Senão, tudo deitarei a perder

 

Mas ela, com sorrisos e perfume

Com seu doce jeito de me olhar

Mais não faz que atear mais o lume

 

Atónito, não sei como parar

Como sair deste amor, incólume

Paixão histriónica, a queimar

 

Chaves, 19 de Julho de 1965

Henrique António Pedro

 

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Que somos e que é nosso, afinal?

 


Que somos e que é nosso, afinal?


Somos, é sabido, mais que carne e osso

Embora, na verdade, nada seja nosso

Saber, então, o que somos nós, afinal

É, sem dúvida, a questão fundamental!

 

Da paixão que se esfuma fica o fosso

Do poder que nos cega resta o desforço

Da glória que se evola é igual

Digam-me lá o que é nosso afinal?

 

Tão só aquilo que em nós fica gravado

Tudo o que fazemos, por mal ou por bem

Tão só o que desta vida resta, se tem.

 

Poderão ser a virtude ou o pecado

Que nos marcam só a nós e a mais ninguém

E ser-nos útil, ou inútil, no Além.

 

Vale de Salgueiro, 2 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O verbo amar

 


O verbo amar

 

A quem se ama, estando presente

Para o nosso amor demonstrar

Basta o verbo “amar” conjugar

Também para quem andar ausente

 

Para criar versos de encantar

Basta o verbo “amar”, tão somente

Palavra, desejo, beijo, mimar

E manifestar quanto se sente

 

Seja erudito ou iletrado

É poeta quem escreve ou diz

Formas do verbo “amar” conjugado

 

Mesmo se alguém se sente infeliz

Porque muito ama sem ser amado

Até com a dor o amor condiz

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 15 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Rei Midas do Amor

 


Rei Midas do Amor

 

Novo Midas gostaria de ser

Poder em tudo quanto tocar

No mais fino dos oiros transmutar

Bastando, para tanto, meu querer

 

Começaria por dar de comer

A tantos que a fome faz penar

Jóias em pão ia transformar

E todo o mundo abastecer

 

Tudo convertia em alegria

À vida mais triste e sem sabor

Nova vontade de viver daria

 

Mitigar a mais dolorosa dor

A todos nos deu, Deus, essa magia

Basta em tudo tocar com Amor

 

Vale de Salgueiro, sábado, 23 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 20 de agosto de 2023

Só bem entende quem bem sabe amar

 


Só bem entende quem bem sabe amar


Anda ele a sonhar, sem acordar

São mil e um sonhos o seu sustento

Com a voz do vento, todo o tempo

Nunca pára de por ela chamar

 

Assim levado nas asas do vento

Esse amor é um triste lamento

Perde-se nas ondas do alto mar

Só entende quem bem sabe amar

 

Mas ela porfia dele fugir

Apenas porque não lhe tem amor

Por isso nem sequer o quer ouvir

 

Ele, porém, canta a sua dor

Para a si mesmo se iludir

São poemas tristes, triste louvor     

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 13 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A mulher: sempre!

 


A mulher: sempre!

 

Não é só no parto, esse acto sublime

Que exalta a vida, a mulher, a mãe

Ela estará sempre presente, também                

Se preciso for que alguém o homem anime

 

É a mulher quem a vida melhor exprime

Para mal do homem ou para o seu bem

Sempre alguma mulher melhor lhe convém:

Por amor ou rancor o perde ou redime!

 

Simplesmente amiga ou mera amante

Esposa que seja ou simples companheira

Sempre a mulher tem papel preponderante

 

Para dar melhor vida à vida inteira

Embora estando próxima ou distante                          

É sempre a mulher que vai na dianteira

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Bem me quer, mal me quer

 


Bem me quer, mal me quer

 

Tenta-me. Finge-se adormecida

Em leito florido de malmequer

Bela, desnuda e oferecida

Tal é a loucura com que me quer

                                                                                       

Deixa a minha alma entontecida

Essa arte das sensuais mulheres

Que amansa a fera mais temida

E faz dos homens santos, vis berberes              

 

Mas por tanto também eu lhe querer

Decido, porém, não a acordar

Não vá, com o espanto, a perder

 

De pronto me diz sem pestanejar:

«Bem me quer quem assim só me não quer!

Toda a ti, amor, me quero dar!»

 

Vale de Salgueiro, 4 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 


terça-feira, 15 de agosto de 2023

O divino fulgor de Deus

 


O divino fulgor de Deus

 

Quando, num só tempo, sofremos e amamos

E o coração nos dói do mais puro amor

Ou ainda mais amamos quem está com dor

E a essa mesma dor também nos entregamos

 

Ou quando de quem amamos nos separamos

E mergulhamos na tristeza e no torpor

Ou quem bem nos ama nos recebe com calor

Se nós de um longo afastamento regressamos

 

Ou se a morte, a mais cruel realidade

Nos obriga a um definitivo adeus

A quem também nós muito queremos de verdade

 

Se ainda assim damos louvores aos céus

Será quando com a maior claridade

Em nós sentimos o divino fulgor de Deus

 

Vale de Salgueiro, sábado, 13 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Fado do mal-amado

 


Fado do mal-amado

Nunca houve outro amor assim

Uma tão cruel paixão entontece

Entrega tão pura ninguém merece

Nem sendo a mulher um querubim

 

Agora choro lágrimas sem fim

Meu pranto ao longe se esmorece

Como uma mal sucedida prece

Que amargamente se vai de mim

 

A fada cruel quebrou o encanto

Para sempre seu coração calou

Esta é a razão deste meu pranto

 

Mas a vil paixão de mim não voou

Por isso cantar este triste canto

É fado amargo que me tocou

 

 

Chaves, 8 de Março de 1966

Henrique António Pedro

 

sábado, 12 de agosto de 2023

Amar sem condição

 


Amar sem condição

 

Ser capaz de amar ou de bem-querer

Todo o humano é, sem condição

Não requer, sequer, esforço da Razão

Só predisposição para bem-fazer

 

Para todos os agravos esquecer

Abrir os braços e estender a mão                           

A quem nos ofende conceder perdão

Melhor é ter amigos até morrer!

 

Para dar com pura generosidade

Amor a quem só tem dor e sofrimento

Ajudar sem interesse ou vaidade

 

E também a quem votamos sentimento

Darmo-nos por inteiro e com verdade

Sem esperar algum agradecimento

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Porque não morrer de puro prazer?

 


Porque não morrer de puro prazer?


Porque haveremos nós de tanto sofrer

Continuando nesta vida a penar

Sem que nada, nem ninguém, nos possa salvar

Se fácil e gostoso, pode ser, morrer?

 

Porque não matarmo-nos de puro prazer

Em vez de passarmos os dias a chorar


Se até a paixão, instinto de amar

Sempre acaba por mais nos fazer sofrer?

 

Espera não viver sempre neste inferno                         

Quem crê que ser feliz no Além tem sentido

Porque também acredita que é eterno

 

E mais crê que Jesus, o Cristo, o Ungido

Nos veio, sim, resgatar, num gesto fraterno

Por isso viver é o maior motivo

 

Vale de Salgueiro, 28 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sábado, 5 de agosto de 2023

Aos poetas do “Facebook”

 


Aos poetas do “Facebook”

 

Andam, errando, pelo mundo além

Milhares de poetas e trovadores

Carregando suas dores e amores                               

Sem encontrar quem lhes dê lar, ou vintém!

 

Se batem à porta do Face, porém

Mesmo sem que ninguém lhes deva favores

Ou deles sejam, sequer, devedores

Logo lhe dizem: - Entra! Se vens por bem!

 

Muitos cá penduram pote e capote.

No Face fazem seu ninho com verdade.

Com eles conviver é sim, grande sorte!

 

Outros, poucos, só arribam por vaidade.

Que tomem outro rumo, um novo norte!

Deixarão apenas fumo e não saudade!

 

Vale de Salgueiro, sábado, 6 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Primeiro amor



Primeiro amor

 

Vem de mão dada com a Primavera

Ambas de mil flores engrinaldadas

De aromas campestres perfumadas

Encantado poeta as espera

 

Cantam amor e paz em toda a Terra

Entoando as mais belas baladas

Com as aves canoras afinadas                                               

São musas da poesia mais vera

 

Surgem lindas pelo amanhecer

A Primavera, a mulher amada

Primeiro amor em nós a nascer

 

Primavera! Poesia! Mulher!                              

Que lindas e alegres aliadas!

O poeta sonha. Deus assim quer!

 

Vale de Salgueiro, 12 de Abril de 2008

Henrique António Pedro